Sua formação política se iniciou em 1956, quando ingressou na Universidade de Oxford e passou a militar em grupos de esquerda. Seu primeiro interesse pelo marxismo foi por influência de Jean-Paul Sartre. Em 1960, participou da fundação da revista New Left Review, publicação criada com a finalidade de se engajar no movimento britânico contra
a corrida armamentista nuclear. A campanha sofreu uma grande derrota, causando uma profunda crise na revista. Logo depois, Perry Anderson tornou-se editor. Foram necessários dois anos para que ele criasse um novo corpo editorial, agora declaradamente marxista. O historiador e doutor em educação Jorge Barcellos lembra que a abertura para o mundo advém, em Anderson, de sua experiência de vida:
- Ele conheceu a China muito cedo porque na sua infância seus pais trabalhavam na Aduana Marítima, o que lhe deu uma noção de que "o mundo não é tão longe assim", como ele diz. Por esta razão, sua formação de estudante nunca esteve limitada às disciplinas de seu curso: estudava filosofia, política, economia, psicologia e línguas modernas quando encontrou seu mentor, Isaac Deutscher - explica Barcellos.
Nos anos 1950, Anderson foi integrante do History Workshop, grupo que renovou o marxismo inglês e do qual também faziam parte Edward Thompson e Eric Hobsbawm. Nos anos 60, levou seu pensamento crítico a refletir sobre temas que iam da exploração econômica colonial de Portugal aos movimentos de libertação de Angola (1961) e Guiné (1963).
Nos anos 80, Anderson protagonizou célebres debates intelectuais com grandes pensadores de sua geração, como Georges Duby, Marshall Berman, Norberto Bobbio e Edward Thompson. Barcellos lembra que o britânico chegou a criticar o filósofo Michel Foucault por considerar que sua escrita era uma exorbitação da linguagem, que atenuava a verdade e enfraquecia o modelo das causas determináveis da história, para ira dos foucaultianos.
- Sua defesa do marxismo, realizada em sua obra Considerações sobre o Marxismo Ocidental, encarna sua luta pela assunção dos problemas políticos pelos historiadores marxistas, que, em seu entendimento, devem criticar os erros de Marx e fazer avançar a análise do papel das estruturas relevantes na história, como fizeram Engels e Gramsci - diz Barcellos.
Barcellos destaca que o texto Balanço do Neoliberalismo (incluído na coletânea Pós-Neoliberalismo: as Políticas Sociais e o Estado Democrático, publicada pela editora Paz e Terra em 1995) tornou-se referência obrigatória para criticar a virada continental em direção ao neoliberalismo econômico.
- Como com os presidentes latino-americanos Salinas, Menem e Fujimori, nenhum desses governantes confessou ao povo, antes de ser eleito, o que efetivamente fez depois de eleito, aliás, prometeram exatamente o oposto das políticas radicalmente antipopulistas que implementaram nos anos 90 - avalia o educador.
Para Anderson, o marxismo é a forma de explicação que permite a revisão dos valores sociais básicos como a defesa da igualdade, da democracia e de uma sociedade livre sem desigualdades: "nenhum movimento político realizou exatamente aquilo que se propõe levar a cabo e nenhuma teoria social prevê jamais o que irá justamente ocorrer. Não há a menor dificuldade em se enumerar todas as afirmações e previsões equivocadas feitas por Marx, Luxemburgo ou Lênin. Mas nenhum outro corpo de teoria nesse período - o primeiro terço do século - esteve perto dos duplos sucessos de previsão e realização como a teoria socialista" , afirma Anderson no livro o Fim da História: de Hegel a Fukuyama (1992).
Perry Anderson no Fronteiras do Pensamento
14 de outubro de 2013, às 19h30, no Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 - Porto Alegre - RS)
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