*Matéria publicada originalmente em 04 de novembro de 2008 (jornal Zero Hora)
Primeira parada de Daniel Libeskind, 62 anos, palestrante de ontem do Fronteiras do Pensamento Copesul Braskem, e Nina Lewis Libeskind em Porto Alegre, pela manhã, ocorreu na Fundação Iberê Camargo de Álvaro Siza.
Depois de um rápido passeio de van pelo Centro, para observar a arquitetura eclética e as nuanças do processo de verticalização da cidade, o casal chegou ao prédio da Zona Sul que confere à Capital uma referência internacional em arquitetura.
- É fantástico. Talvez seja o melhor de Siza - disse o autor do projeto que substituirá as Torres Gêmeas. O museu causou um impacto visível no seu semblante e no de Nina - que trabalha com o marido no escritório de Nova York, a ponto de ele acrescentar que a escala da obra deve ser avaliada pela sua qualidade: "é pequena, mas vale toda uma cidade". Admitiu que o projeto da Fundação remete ao do Guggenheim Museum, de Nova York, "mas tem nova qualidade de espaço, é uma nova experiência".
- Isto é especial, reúne arte, inspiração e emoção - ressaltou.
Depois de participar de uma reunião no Cais do Porto Mauá sobre a revitalização da região, com a bagagem de experiência de muitas áreas portuárias, o casal almoçou junto à Feira do Livro, no Bistrô do Margs. Em perfeita sintonia há 40 anos, com três filhos e uma neta de seis meses, pediram salada de folhas e se deliciaram com um cafezinho de sobremesa.
À noite, no Salão de Atos da UFRGS, o arquiteto seduziu a audiência por sua eloqüência e sensibilidade ao discorrer sobre Breaking Ground - pedra fundamental. Foi um desfile de obras dramáticas e complexas como a que descortinará a emoção envolvida na criação para o espaço de 65 mil metros quadrados das Torres Gêmeas. A Memory Foundation, como chama o projeto, compatibiliza um memorial para reflexão e torres voltadas para o desenvolvimento futuro do que deverá ser um novo bairro de Nova York - a partir de 2012 -, com torre mais alta do que o Empire State, a Freedom Tower.
Simultaneamente à significação simbólica do conjunto arquitetônico, uma preocupação de Libeskind é a de evitar que os volumes erguidos a 541 metros de altura provoquem sombras na praça. Libeskind atua como um maestro, ao pensar em todas as variáveis, para garantir que a construção mantenha sua vivacidade durante 24 horas, e não ocorra como os bairros que morrem, à noite. Parte da vizinhança que vivenciará o Ground Zero será o próprio casal, com escritório perto dali.