Quando chega a hora do almoço, Laurie Batista muitas vezes pega uma salada perto da agência de publicidade no distrito Flatiron, onde ela trabalha como assistente executiva, e come em sua mesa.
Mas logo após o almoço, numa sexta-feira ensolarada em abril, Batista, de 31 anos, entrou em um táxi com três colegas de trabalho rumo à Marquee, uma casa noturna. Depois de esperar em uma longa fila (e chamar a atenção da polícia, que queria saber o que estava acontecendo), ela trocou um tíquete de bebida por um coquetel grátis de vodca com ponche de frutas. Meia hora depois, ela estava usando óculos wayfarer com lentes roxas, balançando um bastão luminoso de espuma e cantando a música de Warren G, "Regulate".
Ao redor dela, centenas de outros foliões fizeram coisas parecidas: Um cara de All Star fez o passo moonwalk atravessando a pista de dança, um homem vestindo um moletom com capuz levantou as mãos para formar o "W" que representa o grupo de rap Wu-Tang Clan. Luzes estroboscópicas eram refletidas num globo espelhado. O suor brilhava nos rostos. A música era "Gin and Juice". Os gritos ecoavam. Era meio-dia, mas, dentro da Marquee, poderia ser 2 horas da manhã.
Batista foi uma das mais de 300 pessoas que compareceram ao último Lunch Break (horário de almoço), uma série de festas grátis no meio do dia, realizadas pela Flavorpill, guia de cultura online, e pela vodca Absolut. Iniciada no verão passado, é a mais estridente de um grupo de festas dançantes na hora do almoço que estão começando em Nova York e ao redor do mundo. O objetivo: fazer a massa viciada em computadores se mover e dançar, frequentemente com a lubrificação do álcool. Mas não fique bêbado: esse não é o antigo (ou tradicional) almoço com três martínis, que termina com as secretárias sendo perseguidas em volta de uma mesa. E, por favor, deixe seus cartões de visita no escritório.
- Trabalhar com network é fácil, eu mesmo sou fã, mas é trabalho - disse Sascha Lewis, fundador da Flavorpill - Vamos chamá-la do que ela realmente é: uma festa divertida, durante o dia, para as pessoas se curtirem durante uma hora.
Uma festa dançante num dia de trabalho representa um certo desafio. Há problemas com a vestimenta e, para aqueles que costumam almoçar em suas próprias mesas, desculpas a inventar. (Em um Lunch Break em fevereiro, uma repórter do tabloide local foi ouvida ao comentar que havia dito aos chefes que ia sair para se encontrar com uma fonte.)
E como você consegue que jovens profissionais, que descobrem sobre essas festas pela internet mas frequentemente chegam sem saber exatamente onde se meteram, dancem assim que chegam à balada? No Lunch Break, o coquetel grátis ajuda (- É só um drinque; não dá pra ficar bêbado - disse Kiran Sachdeva, aluna da Faculdade de Administração da Universidade de Nova York.), mas o DJ é quem tem a maior responsabilidade.
- Eles me disseram, bem na porta, para dar um gás na festa - disse Ahmir Thompson, DJ e baterista da banda de hip-hop e soul The Roots. Conhecido como Questlove, ele forneceu a trilha sonora de três Lunch Breaks, levantado a multidão com um mix de hip-hop dos anos 90 e non sequiturs da cultura pop (uma amostra da música tema do desenho animado "Inspetor Bugiganga", dos anos 80, provocou gritos de aprovação na Marquee). Ele também pede que haja o mínimo de luz possível, uma tela escura para os bastões luminosos e luzes estroboscópicas.
- As pessoas dançam mais quando sabem que não estão sendo observadas - disse ele.
Quanto ao Lunch Break, ele começou em agosto depois que os marqueteiros da Absolut, parceira frequente da Flavorpill em eventos, falaram com Lewis sobre uma série de festas ao meio-dia que estavam fazendo sucesso na Suécia, o Lunch Beat, fundado por Molly Range, indiscutivelmente a mãe desse minimovimento. Range, de 29 anos, cujo outro emprego é desenvolver aplicativos para smartphones, disse que se inspirou no filme de David Fincher, "Clube da Luta", sobre empresários de colarinho branco que formaram sociedades secretas para destruírem uns aos outros.
- No começo, eu sonhava que ele se desenvolveria como uma 'ordem secreta' - Range escreveu por e-mail. Ela visualizou - homens e mulheres saindo secretamente de garagens, casas noturnas fechadas e bares escondidos, brilhando com o suor da pista de dança, e voltado para o trabalho às 13 horas - segurando saquinhos de papel.
Seu primeiro evento foi em uma garagem de Estocolmo em 2010; 14 pessoas compareceram. Hoje, ela preside mais de 50 eventos Lunch Beat ao redor do mundo, incluindo um em Nova York.
Range não encoraja bebidas alcoólicas em seus eventos para - se certificar que você vá ao Lunch Beat com a intenção de participar, e não de ser um espectador. (De fato, se você entrar em uma casa noturna no centro num sábado a noite comum, provavelmente verá mais pessoas amontoadas ao redor de garrafas de vodca de 400 e tantos dólares do que dançando ao som de Macklemore.)
Embora essas festas comecem com a palavra "almoço", a comida é um adendo. A Flavorpill distribui saquinhos de papel com um sanduíche de manteiga de amendoim com geleia, um pedaço de fruta e uma barrinha de cereais ao final de cada Lunch Break.
- Nós não queríamos um buffet enorme porque isso desviaria a atenção das pessoas do fato de que é uma festa dançante - Lewis disse - Não é 'pegue seu almoço, sente e coma um pratão de comida'.
Todos os organizadores se recusaram a dizer quanto custa dar uma festa. O Lunch Beat recupera o dinheiro gasto com o DJ, as comidas e o site com o valor dos ingressos, geralmente entre 10 e 15 dólares. Range diz que nem ela nem os organizadores locais recebem compensação monetária.
Maxime Kouchnir, vice-presidente de marketing da Pernod Ricard, dona da marca Absolut, descreveu o investimento da companhia na série de festas da Flavorpill como "não enorme", completando que o evento foi uma boa plataforma para testar novos sabores de vodca, como hibisco e coentro.
- A multidão que vem a festas como essa tem a mente muito aberta para experimentar coisas novas - disse Kouchnir.
A Flavorpill faz parceria com uma nova instituição de caridade a cada evento e encoraja os convidados a fazerem doações. (Um Lunch Break realizado na semana seguinte ao Furacão Sandy, disse Lewis, arrecadou mais de 2 mil dólares para o Banco de Alimentos de Nova York.)
Mas o principal propósito das festas, sugeriu ele, é contra-atacar os efeitos entorpecentes de uma cultura cada vez mais digitalizada.
- Isso dá vida à nossa missão - disse Lewis, completando que a companhia planejava expandir o evento para mais cinco cidades neste verão - Levante do sofá, saia de perto do computador e vá viver novas experiências.