Cultura e Lazer

Arquivo: Fronteiras 20018

David Lynch arrebata o público do Fronteiras

Cineasta norte-americano falou ao lado do músico Donovan Leitch

Daniel Feix

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Emílio Pedroso / Agencia RBS

*Matéria publicada originalmente em 11 de agosto de 2008 (jornal Zero Hora)

Reverência da platéia, tietagem na fila que se formou em busca de fotos e autógrafos com o conferencista. A palestra de ontem, no Salão de Atos da UFRGS, foi a mais concorrida do Fronteiras do Pensamento 2008.

David Lynch, o cultuado cineasta por trás de Veludo Azul (1986), Twin Peaks (1990) e A Estrada Perdida (1997), enfrentou os fãs desde cedo. Após a entrevista coletiva que concedeu à tarde, foi cercado por jornalistas e curiosos que se aglomeravam na sala de um hotel de Porto Alegre. Atendeu pacientemente a todos, com a calma que adquiriu desde que aprendeu a técnica de meditação transcendental - como ele próprio ressalta:

- Meditar te leva a um nível superior, acima do intelecto, no qual a felicidade, o pensamento positivo e, por conseqüência, a criatividade artística, são infinitas. Você fica inabalável. A meditação transcendental, criada pelo indiano Maharishi Mahesh Yogi em 1959, conquistou artistas como os Beatles e hoje orienta o trabalho da Fundação David Lynch.

No livro Em Águas Profundas - Criatividade e Meditação (Ed. Gryphus), o diretor de cinema deixa clara a importância da técnica em seu processo criativo - é a partir dela que Lynch mergulha no mundo onírico de seus filmes, sobretudo os já clássicos Cidade dos Sonhos (2001) e Império dos Sonhos (2006).

Na entrevista, assim como na conferência - que teve intervenção do músico Donovan Leitch, conhecido pelo trabalho folk e psicodélico dos anos 1960 e 70 e hoje também um divulgador da meditação transcendental -, mesmo que instigado a falar de temas mais objetivos, Lynch se pôs mais à vontade comentando a técnica.

- O nível de relaxamento a que a meditação transcendental nos conduz é três vezes maior que o sono. Todo o estresse do nosso corpo é liberado. Tudo o que é ruim desaparece e a vida fica muito boa, em todos os sentidos - disse, ainda à tarde.

"Não tenho um novo filme. No momento, só viajo..."

- E é fácil aprender - acrescentou, ao ser questionado sobre o uso da técnica por leigos e crianças. - Basta um professor ensinar o mantra certo. Até a atual falta de criatividade de Holly wood foi justificada pela falta de meditação:

- Há muitas refilmagens hoje em dia. O pessoal não está sendo muito criativo. Deveriam praticar mais a meditação  transcendental.

À noite, fascinada pela oratória impecável, a platéia o ouviu por mais de uma hora. Talvez a melhor frase, no entanto, foi pronunciada na coletiva, após a pergunta mais simples, a tradicional "Qual é seu próximo projeto?":

- Não tenho um novo filme. Não estou preocupado com isso agora. No momento, me dedico só à pintura, à fotografia e à música. E viajo...

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