A 14ª edição do Porto Verão Alegre, que começa nesta quarta-feira (9/1), marca uma mudança de foco, consolidada nos últimos anos.
Foi no segundo semestre de 1999 que os atores Zé Victor Castiel e Rogério Beretta tiveram a ideia de um festival de teatro realizado no início do ano.
O objetivo era abrir uma nova possibilidade de trabalho para os profissionais do palco na baixa temporada. Pois o festival cresceu, se desenvolveu e ganhou a simpatia da plateia, que se tornou protagonista - hoje, muitos diretores escolhem levar ao evento espetáculos que agradam a um público amplo.
Castiel, um dos organizadores, observa:
- Nas primeiras edições, o Porto Verão Alegre talvez fosse mais importante para os artistas do que para o público. Surgiu como uma possibilidade de trabalharmos no verão, o que não acontecia antes. Recentemente, veio o carinho das pessoas, que já sabem que terão, nesta época, uma oferta de teatro barata e prazerosa.
Se as cinco peças da primeira edição eram uma amostra da produção local, hoje o festival é uma espécie de panorama que congrega espetáculos com longa trajetória nos palcos gaúchos, novidades e até mesmo atrações de outros meios: há debates sobre a arte da escrita nas Segundas Literárias, atividades de artes visuais para crianças na Terça Alegre e outras atrações.
Uma novidade deste ano é a série Discografia Rock Gaúcho: de 4 a 7 de fevereiro, artistas e bandas do Estado interpretarão um disco de suas carreiras na íntegra, no bar Opinião, com entrada franca. A noite de encerramento terá Cachorro Grande (com o álbum homônimo de 2001) e De Falla (Its Fuckin Borin to Death, de 1988). Também estarão na programação Frank Jorge, Wander Wildner, Tópaz, Bidê ou Balde, Acústicos & Valvulados e Tequila Baby.
Financiado por meio das leis de incentivo à cultura federal e estadual, o Porto Verão Alegre se diferencia por não ser realizado pelo poder público. No que diz respeito à programação teatral, a palavra de ordem continua sendo democracia. Castiel garante que, na medida do possível, todos os espetáculos inscritos são aceitos e entram para a programação, que vai até 17 de fevereiro:
- O evento é para todo mundo. O que acontecia antes era que cada diretor tinha vários espetáculos na programação, e os elencos tinham problemas de agenda. Tivemos que limitar o número de peças por diretor para que mais pessoas possam participar.
Confira alguns dos destaques do Porto Verão Alegre:
> Os humorísticos
Dando um sentido literal ao título do evento - Porto Verão Alegre -, os espetáculos humorísticos são destaques da programação e deverão estar entre as atrações com ingressos mais disputados. Entre eles, está o Guri de Uruguaiana (14 a 16/1, 21 a 23/1, 28 a 30/1 e 4 a 6/2), personagem de Jair Kobe que tem entre suas características a interpretação de divertidas paródias do Canto Alegretense. No espetáculo Humor à Primeira Vista (15 e 16/1, 22 e 23/1 e 29 e 30/1), André Damasceno mostra sua galeria de personagens, como o Magro do Bonfa.
> Os longevos
Com apenas duas estreias na programação (Entre Nós e Fugindo para Viver), o Porto Verão Alegre busca sua força em espetáculos que já estiveram em cartaz este ano e conta também com espetáculos de longa trajetória nos palcos - aqueles que estão em cartaz há anos, sempre com público garantido. Entre eles, estão Homens de Perto (de 31/1 a 3/2) e a continuação Homens de Perto 2 (24/1 a 27/1), o monólogo Pois É, Vizinha... (15 a 17/1), a comédia Se Meu Ponto G Falasse (18 a 20/1) e Adolescer (nesta quarta-feira), esta para o público jovem.
> Os dramaturgos
A tradição das peças escritas por grandes autores está representada pela versão da diretora Adriane Mottola para A Comédia dos Erros (22 a 27/1), de Shakespeare, sobre as divertidas aventuras de dois pares de gêmeos. Assinada pelo dramaturgo e político checo contemporâneo Václav Havel, a peça Goela Abaixo ou Por Que Tu Não Bebes? (5 a 10/2) mostra, também com humor, a relação entre o mestre-cervejeiro e o funcionário de uma cervejaria decadente. Curiosidade: a produção distribui a bebida para o público degustar durante a apresentação.
> As biografias
Uma das curiosidades do festival este ano é a presença de espetáculos que tratam da biografia de personalidades. Beckett & Bion - Gêmeo Imaginário (24 a 27/1), de Júlio Conte, sobrepõe a vida do dramaturgo irlandês e do psicanalista do título, com quem se tratou. Frida Kahlo, À Revolução! (desta quarta-feira a domingo) trata da pintora mexicana, interpretada por Juçara Gaspar, com direção de Daniel Colin. E Landell de Moura, o Incrível Padre Inventor (15 a 17/1) conta a vida do pioneiro da transmissão da voz sem fios, que também investigava eventos parapsicológicos.
> Os infantis
As aventuras para o público infantil estão garantidas em duas peças. Em Para Sempre Terra do Nunca (13, 20 e 27/1), com texto e direção de Ronald Radde, o Capitão Gancho lança ao mar uma garrafa com uma mensagem na esperança de que algum personagem de literatura infantil a encontre. Já Pimenta do Reino em Pó (6/2) conta a história dos irmãos Matias e Alice e do primo Tiago, que têm a missão de tirar o avô das mãos da Bruxa dos Cinco Narizes. O texto e as canções são de Cláudio Levitan, e a adaptação é de Suzi Martinez.
Verão no teatro
Porto Verão Alegre une peças e shows
Festival começa nesta quarta-feira e vai até 17 de fevereiro
Fábio Prikladnicki
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