O protagonista de O Banheiro do Papa (2007), Cesar Troncoso fez tantos filmes ou projetos de televisão no Brasil (está em Filé de Borboleta e Outros Causos, da RBS TV) que já pode se considerar meio brasileiro. Natural de Montevidéu, ele está em Gramado para integrar o júri da mostra de longas latino-americanos.
Zero Hora - Você é um habitué de Gramado. O que está achando desta edição de 40 anos em meio à crise financeira pela qual passa o festival?
Cesar Troncoso - Estou gostando dos filmes. Quer dizer, dos curtas e dos longas nacionais, porque, como jurado dos latinos, não posso falar sobre eles. É visível a preocupação com a programação, com a apresentação de projetos realmente qualificados. Para alguém como eu, que entrou no cinema brasileiro por Gramado _ o troféu de melhor ator por O Banheiro do Papa foi meu primeiro prêmio internacional _, é algo importante, eu diria reconfortante depois do que se podia esperar.
Venho a Gramado há pelo menos 25 anos, desde quando eu cobria o evento para a revista da Cinemateca Uruguaia _ lembro de ficar muito impactado, por exemplo, com a exibição de Aleluia Gretchen, de Sylvio Back (em 1977), que me apresentou um Brasil do Sul que eu não conhecia até aquele momento. Desde então, Gramado passou a ser "o" festival brasileiro para mim, e assim tem sido.
ZH - Você tem aparecido em mais filmes brasileiros do que uruguaios e argentinos ultimamente (fez Em Teu Nome, Cabeça a Prêmio, Circular e está nos ainda inéditos Hoje e Faroeste Caboclo). Por quê?
Troncoso - Isso é um mistério para mim. Que os diretores gaúchos me chamem eu entendo perfeitamente devido à proximidade com o Uruguai, mas, quando comecei a receber convites de produções de outros Estados mais ao Norte realmente fiquei intrigado. Por quê?, fico me perguntando. Mas gosto muito de que seja assim, fico feliz. Sigo e vou seguir morando em Montevidéu, porém, sempre preparado a cruzar a fronteira quando me chamam.
ZH - Quais são seus novos projetos?
Troncoso - Há algumas coisas que não estão 100% fechadas no Brasil, então só posso citar A Oeste do Fim do Mundo, longa do Paulo Nascimento (de Em Teu Nome) que vamos filmar ainda este ano na Argentina. Farei o papel de um veterano da Guerra das Malvinas que se envolve com uma brasileira (Fernanda Moro). Boto muita fé neste projeto, o roteiro é ótimo. E aguardo para breve a estreia de Hoje (de Tata Amaral) e Faroeste Caboclo (de René Sampaio).