O homenageado desta terça-feira no Festival de Gramado é o nome de maior destaque do cinema latino-americano atualmente no mundo. O cineasta, roteirista e produtor argentino Juan José Campanella voltou à Serra para receber o honorífico Kikito de Cristal no Palácio dos Festivais _ o diretor participou do evento com "O Mesmo Amor, a Mesma Chuva" (1999) e esteve em Gramado acompanhando a exibição do sucesso "O Filho da Noiva" (2001), longa indicado ao Oscar.
Em sua passagem pela cidade, Campanella falou rapidamente com a imprensa na tarde desta terça-feira. O diretor que ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro com "O Segredo dos seus Olhos" (2009) começou respondendo sobre sua parceria com o ator Ricardo Darín, protagonista de todos esses filmes e ainda de "O Clube da Lua" (2004):
- Darín é um grande ator. É uma presença muito grande na tela e leva um filme adiante, mesmo quando faz um personagem mau e que faz coisas ruins.
Campanella também comentou a respeito da ideia quase consagrada de que os filmes argentinos são na média melhores do que os brasileiros _ especialmente por causa de seus roteiros:
- Acho que isso é um mal entendido brasileiro. O roteiro é também o nosso ponto mais fraco. É verdade que nos últimos anos tivemos uma melhoria em relação aos anos 1980 e 1990. Mas fazemos 150 filmes por ano, dos quais 148 vocês devem desconhecer. Os dois ou três roteiros bons são uma minoria.
Há dois anos, Campanella trabalha incessantemente na produção de um longa de animação chamado "Metegol" (algo como "Pebolim").
- Mas tenho que confessar: não me interessa o futebol. Para um argentino ou brasileiro, isso parece um pecado. Não torço para nenhum time.
O diretor disse também que o desenho animado ainda deve lhe tomar mais um ano:
- Se soubesse o trabalho que dá para fazer uma animação, não faria. Não tenho férias, não tenho feriado, não tenho vida.
O simpático e autoirônico cineasta é firme quando fala de sua carreira nos Estados Unidos: apesar de já ter dirigido episódios de alguns seriados de TV como "House" e "Law & Order", Campanella revelou que não morre de amores por Hollywood:
- Me acostumei a fazer o que quero nos meus filmes. Não me incomoda trabalhar em Hollywood, desde que todo mundo, incluindo os executivos e os produtores, concorde em fazer o mesmo filme.