Sim, estávamos em Berlim! A família completa cumprindo o ditado: família que viaja unida jamais será vencida! Muitas histórias, muitas visitas, cada um procurando decifrar ao máximo a cidade que uma vez um muro dividiu. Meu filho mais novo (que mora em Londres) teve uma idéia gaudéria: pessoal, hoje é domingo, que tal fazermos um churrasco, senão, não tem graça! Todo mundo exclamou: CHURRASCOOO?
Sim, um churras no parque. Discute dali, argumenta daqui, fomos todos ao mercado comprar o que precisava. E a churrasqueira? Aqui está. É uma forma de alumínio, parecida com essas de congelados, já com carvão e uma grelha, tudo descartável. Ah!E já vem com o fósforo. Carne, bebidas e pão na sacola, fomos procurar um local para o nosso churrasquinho de domingo.
Andamos um pouco e de repente, opa! Um lindo e gigante parque -Tiergarten. É aqui, pessoal! Tudo mundo descendo! O parque é lindo, cheio de surpresas, lagos, caminhos sinuosos e muita gente sentada em grupos, outros dormindo, outros andando de bicicleta e nós procurando um cantinho isolado. Achamos! Uma clareira sem gente por perto. Eis o lugar ideal, disse meu filho.
Olhamo-nos e procuramos algum sinal de fumaça por perto, que sinalizasse a permissão para fazermos o piquenique. Não vimos nada. Meu marido falou: genteee! Aqui não é lugar para fazermos fogo! Deve haver um espaço próprio para isso e tenho certeza de que não é aqui. Ai, pai! Que saco! Tu sempre complicando as coisas. OK! Voto vencido. Vamos fazer o fogo, ele disse.
Riscou um fósforo e aquela bendita churrasqueira de araque não acendia. Só fazia fumaça! Meu marido falou de novo, já irritado: @#$#@S. não vou fazer mais nada, acabou! Daqui a pouco chega a policia e todos nós vamos presos. Aí sim que a porca vai torcer o rabo! Vamos embora, agoraaa!...Em silêncio, baixamos a cabeça, recolhemos tudo e saímos do parque. Ao chegarmos ao carro, minha filha olhou para o lado e viu uma placa enorme dizendo que ali é expressamente proibido fazer grelhados e que a multa era de 5mil euros, mais etc. etc... Ufa! Dessa nos safamos.
Mas meu filho não se conformava. Ele queria fazer o tal churrasco. Começamos a peregrinação por outros parques. Num deles só havia metaleiros com cara de malvados e uma galera não sei de qual planeta, bebendo muitooo. Eles nos olharam desconfiados, falaram qualquer coisa tipo shhsdkjfwejfur, que não entendemos, e por receio, fugimos dali. Continuamos o tour e de repente, obaaaa... sinais de fumaça no ar!!
Fomos acompanhando e chegamos num belo parque onde havia muitas famílias de origem turca e seus grills a todo vapor. Aleluia! Encontramos um lugar. Todos felizes, saímos do carro e, meu marido acionou a tal de churrasqueira no chão. Ela era minúscula. O carvão não tinha jeito de pegar fogo. Assopra, abana, assopra...1, 2,3... e acendeu!. O dia era de vento e aquela fumaça nos abraçava de tal maneira que não tínhamos onde nos esconder. Parecíamos salame pendurado na vara para defumar.
Entre pedaços de frango, salsicha, peixe tostado e a chuva que começou a cair, almoçamos tudo isso com um pedaço de pão. Não havia pratos, mas tínhamos um garfo e um canivete. Foi um dos momentos mais hilários. Meu filho, feliz, perguntava: mãe, tá legal isso, né? Muito legal, eu respondi, to adorando esse programa inusitado hehehe. Recolhemos o lixo e voltamos para o hotel porque ninguém suportava o cheiro da fumaça nas roupas, cabelo e corpo. Mas, para a felicidade de um filho, a gente aguenta até programa de índio em Berlim. Valeu, meu filho! Vamos repetir a façanha qualquer dia.
* Radialista de Encantado
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