Se fosse possível voltar no tempo, especificamente para 1974, em uma madrugada qualquer em Porto Alegre, não seria difícil encontrar Lupicínio Rodrigues em uma animada roda musical em um dos botecos da região central da Capital. Boêmio profissional, como o próprio se classificava, ele e seus amigos, todas as noites, de segunda a sexta-feira, faziam a chamada via sacra dos bares.
Lupicínio morreria em 27 de agosto de 1974, mas manteve a boemia enquanto pôde, quase até os seus momentos finais. O roteiro era bem desenhado, indo de "igrejinha em igrejinha", como dizia. Nos bares, ele fazia música, amigos e interpretava a alma dos sofredores, compondo canções que analisavam profundamente os dramas da cornitude, da dor de cotovelo. Se Acaso Você Chegasse, Nervos de Aço, Loucura, Vingança, Felicidade, Esses Moços, entre tantas outras. Foram 290 composições de sua autoria.
Era nos bares que a música imperava. A noite era o hábitat do mestre do samba-canção. Lupi morreu faltando apenas 19 dias para o seu aniversário de 60 anos, que seriam completados em 16 de setembro de 1974. Ou seja, em 2024, marca-se os 50 anos da despedida do poeta, como também os 110 anos de seu nascimento, na folclórica Ilhota. São efemérides de uma figura culturalmente imortal, que viverá em suas canções, suas paixões e em seu time do coração, o Grêmio, para o qual compôs o hino.
Em especial digital, Zero Hora reconta os passos do compositor há 50 anos, os seus amores, suas canções, histórias pitorescas e, também, onde descansa eternamente o gênio.