O tradicionalismo do Rio Grande do Sul amanheceu triste nesta quinta-feira (25) após a morte do acordeonista Albino Manique, aos 80 anos. O músico fundador do grupo Os Mirins enfrentava um câncer de pulmão e estava internado no Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre.
Natural de São Francisco de Paula, Manique era referência para diversos nomes da música tradicionalista do Rio Grande do Sul. O artista gravou mais de 40 trabalhos e escreveu mais de 300 canções.
Confira os depoimentos de artistas gaúchos:
Neto Fagundes, cantor, compositor, instrumentista, apresentador do Galpão Crioulo na RBS TV: "É bastante triste para a música do Rio Grande do Sul. Albino Manique é uma referência para todos da nossa música, para minha geração inteira, para geração anterior também, mas a minha amizade com ele vem de muito tempo. Tenho um grande prazer, um grande orgulho de lembrar que quando cheguei em Porto Alegre, no início dos anos 1980, batalhando por um espaço, querendo me mostrar, ele foi muito generoso comigo, ele e Os Mirins. Havia um disco que era muito cobiçado na época, o Rodeio dos Rodeio, que era um disco que reunia os melhores artistas do Rio Grande do Sul. E só pensava 'Como eu poderia estar participando disso?'. E toca o meu telefone, era um convite deles: a música estava pronta, era só botar a voz que Os Mirins me acompanhariam na faixa número um. (...) Pode ter certeza que as pessoas vão lembrar da referência que sempre foi e sempre será Albino Manique."
Renato Borghetti, músico e instrumentista: "O Albino era reconhecido e chamado de mestre, e são poucos os que têm esse título conquistado por todos, de reconhecimento, todo mundo chamava de mestre Albino, e era uma coisa muito legítima, esse carinho por ele. Era um gaiteiro de exceção. Quando estava começando a tocar, gravei uma música com o Sivuca, e ele perguntava: "E aquele menino, o Albino, como está?". Ele reconhecia o Albino como um super acordeonista. Uma coisa bonita é o fato de que ele era muito gentil e disposto com outros músicos. Ele tinha trabalhos próprios como artista, com o grupo Os Mirins, mas ele era muito disposto a trabalhar com novos músicos."
João Luiz Correa, músico e compositor: "A emoção de todos os músicos é o sentimento de perda, para qualquer um de nós. Ele é uma luz que se apaga. Foi a inspiração maior para todos nós que tocamos gaita, ele deixou um legado muito grande. Não se pode dizer nunca, mas dificilmente alguém vai conseguir fazer o que ele fez. O Albino era fora da curva. Para todos nós, é uma perda irreparável, ele era reconhecido em todo país. Todos que tocam gaita, a primeira música que tentamos tirar sempre era uma do Albino. Ele vai estar com a gaita dele no céu."
Elton Saldanha, jornalista, cantor e compositor: "Albino Manique é uma referência na música gaúcha, deixa um legado imensurável. Criador de músicas que tornaram-se clássicos: Madrugada, Baile de Candeeiro. Cumpriu com muita dignidade sua profissão, era um artista muito respeitado por seus amigos e colegas. A história da música gaúcha passa pelo teclado do acordeon de Albino Manique."
Diego Dias, músico e idealizador do Beatles no Acordeom: "É uma perda irreparável pois, para todos que tocam esse instrumento, ele é um dos maiores do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo. O primeiro disco que entrou na minha casa foi do Albino Manique, então minha relação é bem afetiva. Ele me influenciou muito, até hoje existe a lenda da dificuldade de tocar as músicas do Manique. Para meu pai, o ídolo máximo dele é o Albino."
Movimento Tradicionalista Gaúcho, em nota: "É com profundo pesar que o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) recebe a triste notícia do falecimento de Albino Manique, aos 80 anos de idade. Reconhecido como uma lenda da música tradicionalista, deixou um legado inestimável para a cultura gaúcha. Natural de São Francisco de Paula, o artista dedicou sua vida à música e à preservação das tradições gaúchas. Sua paixão pelo acordeão e sua habilidade como compositor marcaram época e encantaram gerações. Que sua música continue a ecoar pelos campos do Rio Grande do Sul, inspirando e emocionando a todos que a ouvem."