O músico e compositor uruguaio Jorge Drexler está em Porto Alegre para mais um show e novamente fez questão de aproveitar bares com programação cultural local antes de ser atração para milhares de pessoas. Desta vez os locais escolhidos para embalar a noite de sexta-feira (10) foram o Armazém do Campo, loja de produtos naturais vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o Guernica, ambos na Cidade Baixa.
Segundo o relato da portoalegrense Laís Ribeiro, fã e amiga da equipe que faz a produção do cantor, o Armazém era o ponto que melhor atendia aos desejos brasileiros do uruguaio na noite da Capital. Em 2019, Drexler foi ao Guernica, e em 2022, passou pelo 512 e pelo Térreo, na Casa de Cultura Mário Quintana.
— Eles tinham ido em um samba em São Paulo, onde fizeram show também, e vinham para cá pedindo uma indicação. Levei no que eu conheço e gosto. Ele chegou por volta das 21h no Armazém. Em um primeiro momento passou despercebido, mas depois que lotou foi uma loucura — conta Laís.
Imagens feitas por frequentadores e pela própria banda que era a atração musical do Armazém, Jorge aparece sorridente e bebendo cerveja de um copo de plástico. Assim como já fez no Uruguai mais de uma vez, Drexler foi até os artistas que estavam tocando no local e pediu para participar da roda.
— Em um intervalo falou com o Thiago (Ribeiro, músico) e pediu para tocar uma música. Tocou três — detalha.
O “pocket show” espontâneo teve um repertório cantado em português e espanhol: “Desde que o Samba é Samba”, de Caetano Veloso, “A Rita”, de Chico Buarque, e “Don de Fluir”, de autoria dele mesmo.
— Fomos surpreendidos e foi uma honra, poder tocar com um cara tão talentoso e reconhecido. Cantou, sambou, se divertiu muito, foi atencioso com todo mundo que estava lá. A presença dele em um espaço como o Armazém é uma amostra de resistência do samba e da cultura popular em Porto Alegre — enaltece Thiago Ribeiro, um dos protagonistas do samba do Armazém desde 2021.
Assim que a música foi encerrada no Armazém, Jorge fez questão de seguir sua noitada. Como em 2019, ele e o produtor rumaram ao Guernica, na Travessa Venezianos. Lá não cantou, apenas encantou.
— Ele (Jorge) veio por volta da meia noite e foi super acessível. Conversou com todo mundo, nos perguntou sobre as histórias da casa e da Travessa, disse que adorou a temática anti-fascista do bar, que é alinhado com os princípios políticos dele também. Tirou foto com todo mundo, tomou uma cervejinha e ficou no direito dele de não tocar — conta Bruna Martello, sócia do bar Guernica, que revela um detalhe curioso da chegada do músico ao local:
— Como ele vinha de outro bar que tinha fechado, chegou tomando cerveja num copo de plástico. Isso é super corriqueiro, mas nunca imaginei que o Jorge Drexler me pediria para dar um copo de vidro para ele beber. Depois dessa, entrou e tomou mais umas, ficou uma hora conosco.
Na noite deste sábado, Jorge fará outro show para os portoalegrenses. Ele vai encerrar a turnê “Tiempo y Tinta”, em que canta as canções do álbum mais recente de nome “Tinta y tiempo”, no Gigantinho, a partir das 19h.