Que fique claro: o espetáculo Uma Homenagem a Rita Lee por Beto Lee, que será realizado nesta sexta-feira (8), às 21h, no Auditório Araújo Vianna, não é um tributo fúnebre (veja detalhes sobre ingressos ao final do texto). O filho da Rainha do Rock pontua que o show é a celebração de uma vida, de uma das trajetórias mais exitosas da música brasileira. De alguém que gostava de festa e alegria, de cantar para os males espantar.
No palco do Araújo, Beto e companhia apresentam clássicos de Rita Lee, como Saúde, Lança Perfume, Ovelha Negra, Ando Meio Desligado, Agora Só Falta Você, Mania de Você, Banho de Espuma, entre outros. Três fases da cantora são contempladas no espetáculo: quando ela integrou Os Mutantes (1966-1972), quando contava com a banda Tutti-Frutti (1973-1978) e a posterior parceria com o marido, Roberto de Carvalho — pai de Beto.
Para o guitarrista, montar o repertório foi complicado. Ele ressalta que é difícil sintetizar a carreira de uma artista em uma hora e meia de show, considerando que ela prestou 60 anos de serviços. Foi como resolver um quebra-cabeça.
Por outro lado, juntar a banda foi fácil. Bastou um telefonema para cada. Beto, que estará nos vocais e na guitarra, terá a companhia de Lee Marcucci no baixo — ex-integrante da lendária Tutti-Frutti, que acompanhou Rita nos anos 1970. Também contará com Danilo Santana (teclado), Edu Salvitti (bateria), Rogerio Salmeron (guitarra) e Débora Reis (vocais). Todos acompanharam a cantora no palco em algum momento. Débora, por exemplo, foi backing vocal de Rita durante mais de 10 anos.
— É uma extensão da família. Todo mundo se conhece, temos uma superafinidade — resume Beto.
O show desta sexta também contará com a cantora Fernanda Abreu como convidada, interpretando sucessos. No ano passado, Beto promoveu o evento Celebrando Rita Lee, em São Paulo, no Teatro Bradesco. Entre as convidadas estavam Paula Lima, Carol Biazin e Fernanda. Como a química com a cantora carioca foi grande, o músico resolveu chamá-la para o espetáculo.
— Deu muito certo com a Fernanda, foi superorgânico — destaca. — Todo mundo a conhece pela escola soul, funk, da qual ela é uma capitã, fazendo muito bem. Mas ela também transita pelo rock, entende a malandragem. Já é azeitada.
Celebrando o legado
O projeto para celebrar Rita vem sendo construído por Beto há um bom tempo, antes mesmo da pandemia — acabou sendo adiado quando o show estava próximo de ser lançado. Ele salienta que, como a mãe se aposentou em 2012, sentia saudades de presenciar as canções dela ao vivo.
O músico lembra que, em 2018, presenciou um bloco de Carnaval, em São Paulo, chamado Ritalina, em que as músicas de Rita são transformadas em marchinhas. Por lá, ele deparou com vários adolescentes cantando a plenos pulmões hits como Ovelha Negra, Lança Perfume e Baila Comigo.
Beto ficou impactado pelo fato de boa parte daqueles foliões não terem visto sua mãe em ação. Dificilmente teriam ido a um show. A referência que tinham de Rita era a internet. Mas estavam lá, entoando o legado dela.
— É uma grande marca de um artista: suas músicas continuarem reverberando durante gerações — diz Beto. — Nos meus 12 anos tocando com a minha mãe, a gente sempre observava a plateia composta desde roqueiros das antigas a adolescentes. Era um público muito diverso, tinha todas as tribos ali. Não era só o público de rock, camiseta preta. A arte dela tem esse poder de transcender.
No ano passado, Beto finalmente conseguiu tocar o projeto. O músico e a banda realizaram alguns shows e conseguiram celebrar Rita ainda viva. Ela assistiu aos shows de casa, através de uma transmissão online. O espetáculo, inclusive, tem a bênção da mãe e do pai.
Em maio, Rita morreu, aos 75 anos. A artista sofria de câncer no pulmão desde 2021. Com a partida da mãe, o espetáculo ganhou uma nova visão. Porém, Beto frisa que não gosta de classificá-lo como tributo: é uma celebração, como sua mãe gostava.
— Minha mãe está aqui, mas, ao mesmo tempo, não está — reflete. — A gente se emociona, não tem como não. Estamos trocando energia com o público e vemos pessoas se emocionando, chorando, e não conseguimos nos conter. É uma troca. Mas o show tem que continuar. Ela gostava de alegria, sem tempo para chororô. Vamos celebrar, porque a vida é curta, muito curta.
Conforme Beto, está nos planos um registro audiovisual do show para as plataformas digitais. Já o pai, Roberto, está se preparando para lançar um disco ao vivo de um show gravado em Buenos Aires, nos anos 2000, durante a turnê de Aqui, Ali, em Qualquer Lugar — nesse álbum de 2001, Rita interpreta canções dos Beatles em bossa nova.
Tanto Beto quanto seu irmão, João Lee, andaram deparando com cadernos e papéis com letras de músicas e anotações de Rita. O músico lembra que a mãe tinha a mania de andar com caderno e caneta no bolso. Caso ouvisse alguma coisa ou alguém falando algo na TV que a interessasse, ela anotava. De qualquer maneira, cada membro da família está agindo para honrar e manter o legado de Rita, como afirma Beto.
— Esses projetos vão acontecer aos pouquinhos. Os fãs podem ficar tranquilos, minha mãe deixou muita coisa — garante. — Agora temos que decifrar o que é o quê (risos).
Uma Homenagem a Rita Lee por Beto Lee
- Nesta sexta-feira (8), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre
- Ingressos a partir de R$ 220 (inteiro) ou R$ 120 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível). Ponto de venda com taxa: site da Sympla. Pontos de venda sem taxa: Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611), das 10h às 22h, somente em dinheiro; e na bilheteria do Araújo Vianna (somente no dia do evento, duas horas antes do início)
- Desconto de 50% para sócio do Clube do Assinante e acompanhante