Uma noite para usar boné de redinha, calçar tênis Vans e entrar em rodas de pogo. Reunindo bandas do cenário mundial do hardcore, Porto Alegre recebe nesta quinta-feira (9) o festival We Are One Tour. Irão subir ao palco da URB Stage os grupos Millencolin (Suécia), Satanic Surfers (Suécia), Cigar (Estados Unidos) e 69 Enfermos (Brasil).
A principal atração da noite será o Millencolin, que desde os anos 1990 se estabeleceu como um dos principais nomes do hardcore melódico — ou também do chamado skate punk, já que a banda leva o nome de uma manobra. Aliás, há quem tenha conhecido o Millencolin por No Cigar, que integrou a trilha sonora do game de skate Tony Hawk’s Pro Skater 2 — um dos jogos mais bem avaliados da história.
Formada em Örebro há 30 anos por Nikola Sarcevic (voz e baixo), Mathias Färm (guitarra), Erik Ohlsson (guitarra) e Fredrik Larzon (bateria), a banda costuma repassar sua história no palco, com o repertório composto por faixas como a própria No Cigar, além de Kemp, Fox, Ray, Penguins & Polarbears, entre outras.
Em entrevista a GZH, o baterista Larzon falou sobre punk rock e os 30 anos de banda.
Millencolin volta a Porto Alegre após quase seis anos. Como será o show desta quinta?
Vai ser a mil! Estamos preparando um repertório que celebra nosso aniversário de 30 anos, abrangendo todas as fases de nossa carreira. Acho que será ótimo, pois o Brasil costuma ser um dos nossos lugares favoritos para tocar. E o público, então, uau!
Em mais de 30 anos de trajetória, Millencolin rodou o mundo mais de uma vez, tocou em festivais, lançou nove discos. Como vocês fazem para manter o frescor de suas apresentações?
Acho que o principal ponto é que estamos em equilíbrio como banda. Realmente gostamos de tocar ao vivo tanto agora quanto em todos esses 30 anos. Nos divertimos juntos no palco e fora dele. Desfrutamos da companhia um do outro. Também estamos praticamente no comando de todas as decisões, então nunca nenhum de nós fica sobrecarregado. O mais importante, no fim, é que temos um público incrível.
A cena punk rock/hardcore sempre foi associada a atos como sair por aí, beber, ir a shows e viver o que há para viver. Mas o tempo passa. Como é envelhecer no punk rock? O público envelhece também?
Quanto mais velho fico, mais me envolvo (risos). Eu faço shows e tenho minha própria gravadora chamada De:Nihil Records. Lanço todo o tipo de coisa, não apenas punk, e eu amo isso. Aliás, sigo amando a sensação que você tem ao visitar shows ao vivo, em pequenos clubes, e descobrir novas bandas. Sim, nosso público envelheceu conosco, alguns até trazem seus filhos para nos ver pela primeira vez, o que é incrível. Mas também vemos uma galera mais jovem nos descobrindo.
O que continua te atraindo para o punk rock?
A liberdade de fazer o que você acredita. Ser criativo de maneiras que você nunca pensou que conseguiria. Punks ajudando punks, fazendo shows em todos os tipos de lugares, alguns legais e outros estranhos, emprestando seu espaço para bandas em turnê para passar a noite etc.
É difícil ser criativo em um gênero como o punk rock?
Não, acho que não. Pelo contrário. Não há limites para o que você pode fazer. O importante é contribuir com ideias, se você quiser. Faça as coisas acontecerem, faça você mesmo.
Para algumas pessoas, a primeira introdução ao Millencolin foi No Cigar, que apareceu na trilha de Tony Hawk’s Pro Skater 2. Duas décadas depois, como você avalia a exposição que essa música deu à banda? Foi uma surpresa na época?
O impacto foi enorme e muito maior do que poderíamos imaginar. Ainda assim, as pessoas até hoje nos abordam para contar como descobriram a gente, seja através daquele grande game ou em vídeos de skate, surf ou snowboard daquela época.
Desde o Tiny Tunes (1994), como a banda evoluiu musicalmente ao longo dos anos?
Acho que nos transformamos de um grupo que tentava soar como nossas bandas favoritas para criar nosso próprio som, mas ainda soando muito Millencolin. Hoje em dia, trabalhamos mais e somos bastante seletivos ao montar coisas novas para acertar.
Quais são os projetos da banda para 2023? Vem disco novo?
Temos muitos shows agendados e ainda mais por vir, então estaremos bastante em turnê. Nós não começamos a gravar novas músicas. Aposto que alguns dos caras têm um monte de ideias prontas, mas desde a pandemia queremos fazer uma turnê dos shows que deveriam ter rolado anos atrás .
We Are One Tour
- Quinta-feira (9), no URB Stage (Rua Beirute, 45 – Navegantes)
- Abertura da casa: 18h
- 69 Enfermos: 18h30min
- Cigar: 19h20min
- Satanic Surfers: 20h20hmin
- Millencolin: 21h30min
- Ingressos: a partir de R$ 170 (promocional, mediante doação de 1 kg de alimento)
- Venda online: pelo site da Bilheto.
- Ponto de venda físico (sem taxa de conveniência): Origem Tattoo (R. Primeiro de Março, 1198 – Centro, São Leopoldo), das 10h ao meio-dia e das 13h30min às 18h30min; e Toda Música Instrumentos Musicais (R. Vinte e Cinco de Julho, 1116 – Rio Branco, Novo Hamburgo), das 9h às 18h.