Após a morte de Glênio Fagundes, músico, escritor, poeta e apresentador regionalista, nesta quinta-feira (25), enquanto dormia na sua casa, em Porto Alegre, artistas gaúchos se manifestaram sobre a perda do colega.
Aos 88 anos, o expoente da cultura do Rio Grande do Sul se tornou conhecido por seus livros, álbuns de sucesso e, ainda, por sua passagem pela televisão — foram três décadas no comando do Galpão Nativo, da TVE — e pela rádio — inclusive, na Rádio Gaúcha, onde atuou por nove anos.
Confira os depoimentos obtidos por GZH:
"O Glênio foi um dos mais significativos mestres que a cultura me presenteou, com quem tive o privilégio do convívio junto a sua maravilhosa família. Ele representou o Estado no Encontro Mundial dos Mestres da Cultura. Creio que ele tenha sido um dos mais importantes artistas multifacetários de todos os tempos no Rio Grande do Sul. Ele era músico, cantor, poeta, compositor, escritor, artista plástico, apresentador de rádio e televisão e estudioso da cultura sem fronteira. Não é por coincidência que seu desencarne acontece no Dia do Idioma Guarani, reconhecido pelo Mercosul. Ele era um estudioso da avañe'ẽ. A cultura telúrica tem uma dívida de gratidão com Glênio Fagundes, cuja participação nos festivais é inigualável." — Paulo de Freitas Mendonça, escritor, poeta, pajador e jornalista.
"Glênio Fagundes sempre foi uma referência na nossa cultura, artista, violonista, apresentador e um defensor das nossas origens. Esteve junto com seu irmão Paulo hospedados na nossa casa lá no Alegrete e lembro do meu pai sempre nos mostrando a sua importância para o nosso regionalismo. Lembro com emoção do Glênio gravando um violão acompanhando o Tio Nico no disco dos Fagundes. Que vá em Paz para um lugar bem bonito pois ele merece." — Neto Fagundes, cantor, compositor, instrumentista, apresentador do Galpão Crioulo na RBS TV.
"Glênio Fagundes foi um homem profundamente espiritualizado, que conversa com as plantas e com os bichos do campo. Seu jeito simples, com a melena e a barba entordilhando, foi a imagem daqueles gaúchos antigos, santos e guerreiros dos nossos galpões. Por onde passou, deixou um rastro luminoso de cultura. Ouvi-lo falar era beber filosofia e ternura. Ouvi-lo acariciar seu violão era retovar-se de magia e encantamento. Olhar no chão, pensamento ruminando, quando cobrado de tanta humildade gostava de dizer: o que mata a sede é a água e não o frasco." — Léo Ribeiro de Souza, poeta e compositor.
"Conheci o Glênio Fagundes quando eu ainda morava em Bagé, assistindo a um show dele com o grupo Os Teatinos. Mais tarde, eu viria a assistir aos shows deles e aos ensaios em Porto Alegre. Comecei a frequentar a casa do Glênio. Ia com o José Cláudio Machado para lá. Ficávamos ali conversando e aprendendo muito. Muitas madrugadas eu varei tomando mate e aprendendo com o Glênio, levando músicos meus para que aprendessem a tocar bombo leguero e os ritmos latino-americanos com precisão. Ele foi um grande amigo, parceiro, com quem eu apresentei também o Galpão Nativo, na TVE. O Glênio era um grande mestre, um cara que lia muito, sabia muito e gostava de passar este ensinamento. Tinha aquela calma, aquela tranquilidade. Nas madrugadas, passava na casa dele ouvindo ele tocar violão como se tivesse incorporando um índio, tocando músicas andinas, maravilhosas, que deixava a gente maravilhados com aquela magia dele de tocar, cantar e declamar. O Glênio era bom em tudo o que ele fazia. Eu só tenho a agradecer por ter feito parte da vida dele. Vou sentir muitas saudades. Glênio foi um dos maiores músicos tradicionalistas, um dos maiores poetas e compositores do nosso Rio Grande do Sul." — Maria Luiza Benitez, cantora, locutora e jornalista. Foi apresentadora, ao lado de Glênio Fagundes, do programa Galpão Nativo, na TVE.
Depoimentos nas redes sociais:
Ernesto Fagundes, músico, compositor e instrumentista.
Mauro Moraes, cantor e compositor.
João Vicenti, músico da banda Nenhum de Nós.
Joca Martins, cantor e compositor.