A ativista Maria Alyokhina, 33 anos, líder do grupo musical feminista russo Pussy Riot, fugiu da Rússia disfarçada de entregador de comidas por aplicativo após o início da invasão do país à Ucrânia. Maria já havia sido presa diversas vezes após a criação do grupo.
Em entrevista ao jornal The New York Times, ela afirmou que não concorda com a ideologia imposta pelo governo do país, conduzido por Vladimir Putin.
— Acho que a Rússia não tem mais o direito de existir. Mesmo antes (da guerra), havia dúvidas sobre como ela está unida, por quais valores ela está unida e para onde está indo. Mas agora eu acho que isso não é mais uma questão — relatou.
Em sua declaração, Maria também afirmou que estava presa quando ouviu o comunicado do presidente afirmando que invadiria a Ucrânia. Em setembro do ano passado, ela havia sido condenada a um ano de restrição por se manifestar a favor do opositor do governo russo, Alexei Navalny. No último mês, a pena foi convertida para prisão, então Maria decidiu fugir.
O traje de entregador foi para enganar policiais que estavam em frente ao apartamento de uma amiga, onde Maria estava escondida. Ela foi levada até Belarus com a ajuda de um conhecido, onde ficou por uma semana, até conseguir chegar à Lituânia com um documento europeu sem identificação. Durante o trajeto, Maria já estava sendo procurada na Rússia. O resto do grupo musical pretende se juntar a ela para dar continuidade a uma turnê pela Europa, que tem como objetivo arrecadar verba para a Ucrânia.
— Muita mágica aconteceu na semana passada. Parece um romance de espionagem. Fiquei feliz por ter conseguido. Ainda não entendo completamente o que fiz — comentou.
A namorada de Maria, Lyusya Shtein, é parlamentar em Moscou e também foi condenada a medidas restritivas por conta do posicionamento favorável a Alexei Navalny. Nas redes sociais, ela publicou uma foto vestida com as mesmas roupas de entregador usadas por Maria e na legenda afirmou que sua namorada "não fugiu, saiu em turnê".