Está disponível nas plataformas digitais o terceiro álbum solo de Marcelo Gross, Tempo Louco. O guitarrista e compositor canta, em sua obra, as dificuldades pelas quais passou em sua vida pessoal, após perder pessoas muito próximas ao deixar a banda Cachorro Grande, da qual foi um dos fundadores.
— Já estava vivendo um tempo louco um pouco antes da pandemia, e as letras refletem esse período conturbado e, também, a superação dele. Mal sabia eu que o tempo iria ficar mais louco ainda. Então, acho que as pessoas vão se identificar com as coisas que falo nas letras — conta Gross.
Com 10 faixas, somando em torno de 40 minutos de duração, Tempo Louco foi gravado no começo de 2020, no estúdio Clandestino, em São Paulo, pouco antes da pandemia de covid-19 ser decretada. Porém, a finalização do álbum precisou ser a distância. Apesar disso, Gross comemora o resultado do processo:
— Conseguimos gravar tudo ao vivo, com a banda tocando junto, sem separação, como eram gravados os discos nos anos 1960. Tudo para dar uma liga ainda mais rock'n'roll. E deu muito certo — reforça o músico.
A obra mais recente de Gross será lançada, posteriormente, em CD e vinil. Além disso, o disco será apresentado ao público em dois shows no bar Ocidente, nos dias 5 e 12 de agosto. Nos encontros, que seguirão protocolos sanitários, com ingressos limitados e distanciamento entre as mesas do estabelecimento, ele e a sua banda tocarão as músicas do álbum na íntegra e na ordem, além de outros sucessos da carreira solo do músico.
Fase madura
Tempo Louco traz as influências que já são conhecidas do músico, misturando o power pop da década de 1960, como Beatles, com referências contemporâneas, como Michael Kiwanuka e a banda The True Loves. A obra sucede os dois álbuns solo lançados anteriormente por Gross, Chumbo & Pluma (2017) e Use o Assento para Flutuar (2013).
Além de Gross, o disco contou com o baixo e backing vocals de Eduardo Barretto, a bateria de Alexandre Papel, além de diversas participações especiais, como a do ex-colega de Cachorro Grande, Pedro Pelotas, que gravou os teclados. Entre as faixas, há a presença do sitar de Fábio Kidesh, dos sopros do duo paulistano Neurozen e de uma parceria com Charles Master.
De acordo com o músico, Tempo Louco apresenta a sua fase mais madura, apesar de ainda ser um álbum de transição:
— É o primeiro disco que escrevo exclusivamente e fora da Cachorro Grande. Antigamente, dividia as composições do meu trabalho solo com a banda. Então, acho que é a minha fase adulta artisticamente, para poder dividir com o público as minhas experiências, não somente pessoais, mas também sonoras.
Aos 48 anos, Gross já está vislumbrando a chegada aos 50. E, para marcar a data, está pensando em um lançamento, que pode ser um livro com parte da sua história ou uma coletânea reunindo todo o seu trabalho solo. O que ele tem certeza é que algo vai "rolar" para comemorar a data.
— É meio século dedicado ao rock'n'roll em um país que não é nada rock'n'roll, né? Então, é uma batalha. Fazer rock no Brasil é um ato de heroísmo e, também, de manifesto. Temos que comemorar — enfatiza.