Grupo formado em 2007 por Shana Müller, Cristiano Quevedo, Érlon Péricles e Angelo Franco, o Buenas e M’espalho foi um projeto inovador na música gaúcha com sua proposta de estreitar os laços entre campo e cidade. Ao longo de sua trajetória, gravou dois discos de estúdio, Bombacha da Modernidade (2008) e #Buenas 2 (2011), e deixou na gaveta um registro que só agora ganha lançamento: o DVD Ao Vivo no Bar Opinião, gravado em 2012 num dos mais importantes palcos de Porto Alegre.
Agora, com os quatro músicos e amigos em carreiras solo consolidadas, o público pode ouvir e assistir ao espetáculo, que contou com participações especiais de Humberto Gessinger, Luiz Carlos Borges, Renato Borghetti e Esteban Tavares. Está disponível em áudio nas plataformas digitais de música e em vídeo no canal do Buenas e M’espalho no YouTube.
Entre as faixas que fazem essa conexão entre o rural e o urbano, estão Flor de Campeira e Contraponto e canções consagradas da música gaúcha, como Vira Virou (com participação de Borghetti), Terra de Gigantes (com Gessinger), Diário do Fronteiriço (com Esteban) e O Revórve do Tropeio e Rio Grande Véio (com Borges). Não foi por acaso que os amigos optaram pelo Opinião para a gravação.
– O Buenas nasceu em um bar, nesse conceito de unir forças de quatro intérpretes, quatro artistas, para levar a música regional gaúcha não somente aos espaços destinados a ela, como CTGs, por exemplo. A ideia é mostrar que a música regional pode estar num ambiente onde estão outros estilos musicais, como samba, pop e rock. E como o Opinião é o espaço mais emblemático da noite de Porto Alegre, um palco de rock e pop, o mais democrático, acabamos por decidir que a gravação fosse ali – explica Shana.
Diálogo
Para quem assistir em casa a um show gravado há oito anos, um dos detalhes interessantes é que os diretores e produtores do DVD, Diego e Pablo Müller, irmãos de Shana, utilizaram o conceito da câmera na mão, muito presente nos shows atuais, mas raros na época, ainda mais no meio nativista.
– Hoje, todo mundo usa. Mas na época era uma coisa mais precursora – diz Shana.
Durante o show, que teve direção musical de Paulinho Goulart, é possível observar que as canções mais tradicionais e os estilos dos artistas gaúchos conversam bem com outros gêneros, como quando eles chamam Humberto Gessinger para cantar Terra de Gigantes, sucesso do grupo Engenheiros do Hawaii.
– Foi uma vitória ter o Humberto na gravação. Quando a gente era adolescente, ele já era uma estrela do rock nacional, uma referência para a nossa geração – explica Érlon.
Sobre o período em que o registro ao vivo ficou na gaveta à espera para ser lançado, Érlon acredita que o momento atual, com a pandemia de coronavírus e as pessoas em casa, se mostrou adequado para o lançamento.
– Além disso, revisitar um trabalho tanto tempo depois e ver que a gente estava com uma energia tão boa, dá uma sensação de dever cumprido. E veio em uma hora importante, em que a humanidade está de molho, querendo coisas novas. E acho importante lançarmos neste momento, quando estamos mais conhecidos, mais engajados nas coisas do Rio Grande do Sul. Com a partida de amigos que fizeram historia, como o Jorge Freitas (cantor e compositor que morreu em 13 de junho), por exemplo, estamos sentindo essa responsabilidade de que a bola está com a gente – finaliza Érlon.