Tum Toin Foin pode ser um nome, digamos, peculiar para uma banda. E por isso mesmo soa adequado para o novo projeto musical de Arthur de Faria. Com uma formação inusitada, o conjunto reúne 10 integrantes em um híbrido de grupo de rock com orquestra de câmara, dedicados a temas instrumentais que exploram os limites entre o erudito e o popular.
Depois de um ano de ensaios, o grupo acaba de gravar seu primeiro disco. O álbum deve ser lançado somente no segundo semestre de 2020, mas o repertório completo registrado em estúdio estreia ao vivo nesta quinta-feira (5), às 21h, no bar Agulha, em Porto Alegre — na hora, os ingressos custam R$ 30 (solidário, mediante doação de um quilo de alimento não perecível ou um item de higiene pessoal) e R$ 60.
Compositor, arranjador, instrumentista e pesquisador, Arthur de Faria atua no cenário musical de Porto Alegre desde os anos 1990, liderando o Seu Conjunto e a Orkestra do Kaos, além de compor trilhas para teatro e cinema em produções do Brasil e da Argentina.
Tum Toin Foin teve como ponto de partida o desejo de Arthur voltar a tocar música instrumental, após dois anos se dedicando a canções na Orkestra, formação com pegada roqueira e despojada. O músico divulgou pelas redes sociais o interesse em formar um novo grupo e logo recebeu dezenas de mensagens e indicações.
Adolfo de Almeida Jr. (fagote), Guenther Andreas (bateria), Giovanni Berti (percussão) e Julio Rizzo (trombone) já fizeram parte do Seu Conjunto; e Bruno Vargas (baixo) e Erick Endres (guitarra) migraram da Orkestra do Kaos. Somaram-se ao projeto Gabriel Romano (acordeom), Miriã Farias (violino) e Ange Bazzani (fagote).
— O Adolfo, com que eu sempre trabalhei e já estava na banda, se aposentou como fagotista da Ospa. Para preencher a vaga dele na instituição, veio a Ange, da Colômbia, que chegou disposta a conhecer gente e participar de outros projetos. Pensei: “Vou convidá-la para nosso grupo! Não deve ter nenhuma outra banda no mundo que tem dois fagotes — brinca Arthur.
Apesar de pouco usual, a formação alcança uma sonoridade equilibrada, como explica o líder:
— Temos dois fagotistas de um nível muito alto, formando um naipe de sopros com o trombone. Ou seja, é um naipe de sopros todo grave. Já os agudos ficam por conta do violino e do acordeom. E ainda temos essa base de banda de música popular, com piano, guitarra, baixo bateria e percussão — explica Arthur.
Partituras
A formação também explica o nome do grupo. “Tum” é uma referência ao toque da bateria e da percussão; “toin”, ao pulsar das cordas; e “foin”, à vibração dos sopros.
— É uma mistura de banda com orquestra de câmara, que pode entrar no circuito de jazz e de música popular, mas também em festivais de música erudita mais abertos — avalia Arthur.
Todo o repertório da Tum Toin Foin tem autoria e arranjos de Arthur de Faria, cuidadosamente anotados pelo autor em partituras para cada um dos músicos.
— É uma experiência bem diferente da Orkestra do Kaos, em que nada era escrito, tudo era criado coletivamente. O show deve ter umas 25 páginas de partitura para a guitarra, por exemplo. É um repertório difícil, mas ensaiamos muito para deixar fluido. Ter uma banda com tamanho envolvimento é muito difícil, e todo mundo está muito feliz por conquistar isso — conta Arthur.
Tum Toin Foin
- Nesta quinta (5), às 21h. Abertura da casa às 19h.
- Agulha (Conselheiro Camargo, 300), em Porto Alegre.
- Ingressos a R$ 30 (solidário, mediante doação de um quilo de alimento não perecível ou um item de higiene pessoal) e R$ 60. À venda na hora.