O cantor, compositor e escritor Chico Buarque usou as redes sociais nesta quarta-feira (9) para rebater a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a assinatura do Prêmio Camões, concedido pelos governo do Brasil e de Portugal. Nessa terça (8), Bolsonaro disse que tem até dezembro de 2026 para assinar o diploma que concede a honraria ao cantor, sinalizando que não deve fazer a autorização.
Em uma postagem no Instagram, Chico publicou uma foto sua, com um cigarro na boca e vestindo um terno vermelho, com a legenda: “A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões.”
O Prêmio Camões é a mais importante condecoração literária em língua portuguesa. Chico foi escolhido vencedor pelo conjunto de sua obra. O valor total do prêmio é de 100 mil euros (em torno de R$ 447,3 mil), dividido entre Brasil e Portugal. A parcela da condecoração que cabia ao governo brasileiro já foi depositada em junho. O diploma, no entanto, ainda não foi assinado por Bolsonaro.
Polêmica
O assunto Chico e Prêmio Camões tem rachado a cúpula do governo. Para integrantes do setor moderado, como o valor já foi liberado, a assinatura do diploma seria apenas uma iniciativa protocolar e, por isso, o presidente deveria seguir a tradição, evitando criar um constrangimento com o governo português.
Na avaliação de membros do núcleo ideológico, no entanto, ao não assinar o documento, o presidente faria um gesto político, posicionando-se contra o uso de recursos públicos em ações não prioritárias e demonstrando que seu mandato representa uma ruptura em relação aos governados anteriores.
Ao ser questionado por jornalistas na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro primeiro respondeu que a sua decisão é um "segredo". Depois, disse que tem até 2026 para assinar o diploma, cuja cerimônia de entrega está prevista para abril de 2020.
— É segredo. Chico Buarque? — disse. — Eu tenho prazo? Até 31 de dezembro de 2026, eu assino —respondeu.
Chico é assumidamente crítico de Bolsonaro e apoiou a campanha do petista Fernando Haddad na eleição presidencial do ano passado. Na semana passada, o músico visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e defendeu a sua liberdade.