Majur despontou para o estrelato depois de sua participação no clipe AmarElo, do rapper Emicida, ao lado Pabllo Vittar. Faixa-título do último álbum de inéditas do cantor, lançado em 2019, a música usa trechos do poema Permita que Eu Fale, do próprio rapper, e de Sujeito de Sorte, de Belchior, para tratar sobre temas como depressão e superação.
Gravado no Complexo do Alemão, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, o videoclipe começa com um áudio de uma pessoa próxima ao rapper que tentou o suicídio. Sobre as parcerias, Emicida disse ao G1 que Pabllo Vittar e Majur "trazem, em suas vivências e em suas obras, histórias bonitas a respeito de acreditar em si e de lutar contra o mundo para ser quem são".
A baiana Majur, de 25 anos, chama atenção na faixa não só pela voz potente ao interpretar o refrão de Sujeito de Sorte, de Belchior, mas por ser o nome menos conhecido do trio. Nascida Marilton Conceição Jr., a artista se identifica como de gênero não binário e ganhou notoriedade entre a classe artística ao se apresentar em uma festa de Caetano Veloso, no início de 2019. Em janeiro daquele ano, o músico compartilhou em seu Facebook um vídeo da cantora interpretando Náufrago e elogiou: "Canta muito".
Em 2020, Majur lançou o single Andarilho, e, em maio de 2021, chegou às plataformas de streaming o seu disco de estreia, Ojunifé, palavra que vem do idioma iorubá, comum na África Ocidental, e quer dizer "olhos do amor". O álbum conta com 10 faixas que permeiam amores, vivências e experiências da artista.
Como tudo começou
À Vogue, a cantora contou que começou a cantar aos cinco anos, no coral da Orquestra Sinfônica da Juventude de Salvador. Em 2016, montou uma banda com outros cinco músicos para cantar na noite soteropolitana músicas de artistas como Tim Maia, Jorge Ben Jor e Liniker. Em sua passagem por Salvador, dois anos depois, Liniker a convidou para participar de seu show na capital baiana.
Seu primeiro EP, Colorir, lançado em 2018, é produzido por Jaguar Andrade, que já trabalhou com Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown. O grande sucesso do EP de três faixas é Náufrago, com participação do rapper Hiran. No mesmo ano, desfilou no Afro Fashion Day, evento anual em Salvador que dá visibilidade a modelos negros, ao som de Africaniei, primeira faixa de Colorir.
— Fui a primeira pessoa na história do Afro Fashion Day a desfilar com roupa feminina sendo geneticamente masculino — contou à Vogue.
O Carnaval de 2019 representou um degrau a mais na carreira de Majur: ela cantou nos trios elétricos de Daniela Mercury, Psirico, Marcia Castro e no Expresso 2222. Em março, foi convidada para cantar no Baile da Vogue, em São Paulo.
Ao G1, a cantora falou sobre a importância da parceria com Emicida e Pabllo Vittar:
— Dividir a cena com eles dois é um marco na minha carreira e, principalmente, na música brasileira. É muita representatividade em um momento que precisamos ter voz. AmarElo traz na sua poesia o retrato de um Brasil de multiplicidade e que ressignifica a sobrevivência de um povo que me identifico muito. Canta a busca por nosso lugar social — diz Majur.