Rostinho de estrela de novela teen, público de supergrupo de rock, postura de astro de Hollywood e rotina de influenciador digital: são mais ou menos esses os elementos que se unem para formar a mais bombástica onda musical da última década, o k-pop.
Nome dado ao produto apresentado por boy e girl bands da Coreia do Sul – que vai muito além da música e desafia as fronteiras dos gêneros musicais –, o pop feito no país explodiu de vez com os sete guris da foto ao lado, que formam o BTS. Agora, V, Suga, RM, Jin, J-Hope, Jimin e Jung Kook trazem esse tsunami para o Brasil.
Ícones de uma linhagem
O primeiro nome que vem a sua mente quando pensa em pop feito na Coreia do Sul provavelmente é Psy, do hit Gangnam Style, onipresente em 2012. Mas a história do K-pop remonta a 1992, quando o trio Seo Taiji and Boys explodiu no país com Nan Arayo, música que fugia da estética nacionalista e inofensiva do pop sul-coreano da época. A banda foi tão importante para o gênero — um de seus membros foi um dos responsáveis por organizar as primeiras turnês internacionais dos grupos do país – que o BTS foi convidado para o show de comemoração dos 25 anos da banda e gravou uma versão do sucesso Come Back Home.
Enfileirando recordes
Primeira banda desde os Beatles a colocar três álbuns (Love Yourself: Answer; Love Yourself: Tear e Map of the Soul: Persona, lançado em 12 de abril) no topo da lista da Billboard em menos de um ano, o grupo sul-coreano se acostumou a bater recordes. Antes, já havia conquistado o posto de melhor estreia no YouTube, com o clipe (ou MV, sigla para "music video" usada por bandas sul-coreanas) de Boy With Luv, que teve 78 milhões de visualizações no primeiro dia no ar e superou Kill This Love, das também sul-coreanas Blackpink. Nas redes sociais, o grupo já teve a hashtag com mais posts da história e possui o perfil mais seguido da Coreia do Sul.
Muito além da música
Mais do que qualquer manifestação pop, o K-pop é especialista em explorar aspectos não musicais de seus artistas. Ainda que cada um tenha uma tarefa específica na formação dos grupos (que costumam ser grandes em número de membros), sendo prioritariamente dançar, cantar ou rimar, há incumbências mais abrangentes: praticamente todos os grupos têm um visual (o membro mais bonito), um face (o membro mais popular nas redes), um maknae (o membro mais jovem e brincalhão) e um hyung (o mais velho).
Na falta de um, sete
Algo em que grupos de boy band norte-americanos ou europeus já apostavam, os traços de personalidade de cada um dos membros do BTS fazem a cabeça dos fãs. Cada um tem basicamente um papel no grupo: rapper, dançarino ou vocalista, em níveis como principal, líder e guia. No BTS, RM é o rapper principal e o líder do grupo, Jin é vocalista e símbolo visual da banda, Suga é o rapper líder, J-Hope é o principal dançarino, Jimin também é dançarino principal e vocalista líder, V é vocalista e símbolo visual do grupo e, por fim, Jung Kook é vocalista principal, dançarino líder e ainda ocupa os postos de face (membro mais popular) e maknae (o mais jovem).
BTSmania em São Paulo
A ideia inicial era fazer apenas um show em São Paulo, em 25 de maio, no estádio Allianz Parque — mas devido à pressão dos fãs (e à procura por ingressos, que se esgotaram em duas horas), a organização do show anunciou uma apresentação extra do grupo, no mesmo local, no dia 26 de maio. Com filas imensas e pequenas confusões durante o dia, muitos dos army (como são chamados os fãs do grupo) foram às redes sociais para reclamar da falta de acesso aos ingressos. Na mão de cambistas, os valores chegam a R$ 9 mil. Em sua última passagem por São Paulo, o BTS se apresentou no Credicard Hall. Com a rápida venda de ingressos, a casa abriu um show extra.
K-pop versão gaúcha
Os 20 mil quilômetros que separam Seul, capital da Coreia do Sul, de Porto Alegre não impediram que a onda chegasse por aqui. Desde 2011, três amigos organizam encontros, promovem debates e congregam fãs por meio do grupo de Facebook K-Pop RS. São Kleber Giordani, Takeshi Kamimura e Julia Rocha, que se dedicam a fomentar o hallyu (como é chamada a cultura do país) no Estado.
— Sabíamos que o Rio Grande do Sul precisava de um grupo assim. Organizamos eventos, como o Meeting K-Pop RS, e ajudamos na organização do palco k-pop do AnimeExtreme, por exemplo — conta o estudante Kamimura.
Onde curtir por aqui
Uma casa noturna chamada Boteco Tchê teria tudo para receber apresentações tradicionalistas do Estado, mas se tornou o refúgio dos fãs de k-pop de Porto Alegre: é lá que rola, mensalmente, a Black Cherry K-Party, primeira e mais antiga festa do gênero na cidade. Mas a comunidade também curte se encontrar em eventos de cultura nerd ou mesmo na rua.
— O pessoal daqui é empolgado. O atual point dos k-poppers é a Usina do Gasômetro. A galera adora se reunir lá para ficar dançando e curtindo — revela Takeshi Kamimura.