Graças à popularização dos mangás e dos animes, a cultura japonesa virou febre no Brasil no início dos anos 2000, reunindo os chamados otakus (traduzida literalmente como "nerd", a palavra é utilizada para identificar os aficionados por tudo que vem do Japão) em eventos como o Anime Friends. Uma década depois, foi a vez de a Coreia deixar sua marca no Ocidente com o K-Pop, a nova febre entre os adolescentes brasileiros.
– Eu entrei em contato com o K-Pop através da música japonesa, de que eu já gostava por causa da minha família. Aí eu comecei a ir atrás e ver muitos clipes e me apaixonei principalmente pelo visual deles – recorda Caroline Akioka, descendente de japoneses e diretora da Revista KoreaIN, dedicada à cultura coreana.
A música chiclete, a superprodução dos videoclipes, as sempre presentes coreografias e até os looks dos integrantes de grupos como BTS e Girls' Generation fizeram com que o termo fosse muito além da música, tornando-se um estilo de vida para pessoas que, além do apreço pela cultura, não possuem ligação alguma com o país asiático.
– Tem gente de tudo que é tipo e todo mundo se une. Seja em hashtag no Twitter, em movimentos, até nos shows, todo mundo se ajuda. E essa afetividade eu acho incrível! Eu, pelo menos, nunca vi algo parecido em nenhum outro tipo de fandom como eu vejo no K-Pop – defende Maria Eduarda Buchholz Silveira, de 18 anos, que também foi introduzida ao gênero pelo que ela chama de "febre dos animes". – Foi um combo!
Participando de seu segundo fanmeeting (encontro de fãs) de K-Pop em Porto Alegre na noite desta terça-feira (18), Maria Eduarda acredita que o contato próximo com os ídolos nos meet & greets e nos fansigns (sessões de autógrafos) tornam a experiência ainda melhor.
– Nossa, é impressionante, assim, tu chamar ele, gritar pelo nome do teu favorito, ele te olhar e tu poder gravar, tirar fotos! Eles são muito queridos! Eles gostam dessa afetividade, isso é fantástico!
No camarim do Teatro CIEE minutos antes do show, os integrantes do BLACK6IX não souberam dizer o que fez com que o grupo conquistasse tantos admiradores – que, muitas vezes, sequer entendem as letras de suas músicas – em um país de cultura tão diferente da deles como o Brasil.
– Acho que os fãs gostam de nós como um grupo, então de repente alguma característica da nossa música tocou os fãs para nos darem tanto amor e carinho – arriscou Ziki, 23 anos, um dos rappers do grupo.
Eduardo Monteiro Krebs, 39 anos, nunca tinha ouvido falar nos meninos, mas levou as duas filhas para conhecê-los.
– Eu vi eles pelo YouTube, imaginei que fosse um Backstreet Boys coreano – compara.
Um tanto quanto traumatizados depois de uma fã invadir o quarto de hotel em que estavam hospedados em Goiânia para entregar uma carta, Taeyong, Yongseok , Jongwoon, Ziki, Yey e The King passaram frio ao desembarcar em Porto Alegre, mas elogiaram o cheiro da cidade. Com pouco tempo na Capital, conseguiram provar o churrasco do NB Steak – aprovadíssimo – e não ficaram imunes ao charme de um dos nossos símbolos, embora este não tenha sido avistado do Gasômetro, como recomendado aos turistas.
– O primeiro pôr-do-sol que vimos aqui (da janela do hotel) foi maravilhoso! – destacou Ziki, o mais desinibido.