Conhecidas carinhosamente como as coleguinhas (como elas chamam o público, de um apelido herdado da mãe, Mara), as baianas Simone & Simaria passaram por um susto, em abril. Diagnosticada com tuberculose, Simaria teve de se afastar da dupla, deixando Simone sozinha nos palcos.
Ali, o lado ruim da fama começava a cobrar um preço alto das irmãs. O acúmulo de falta de descanso, de alimentação inadequada, da agenda lotada e de noites maldormidas apareceu na doença de Simaria e acendeu o sinal de alerta.
Quatro meses depois, elas estão juntas, novamente, mas com uma visão diferente da carreira e da vida, priorizando o que definem como fundamental. Em uma entrevista comelas, em São Paulo, veja as novas prioridades das irmãs, o drama de Simaria e as mudanças a que a dupla está disposta.
Novos tempos
Em 9 de agosto, no Espaço das Américas, em São Paulo, Simone & Simaria inauguraram a nova fase na carreira. Ausente após quatro meses, por conta de uma tuberculose, Simaria, 36 anos, voltou aos palcos em um show que contou com a participação do padre Fábio de Melo, e que marcou, oficialmente, o lançamento do novo clipe da dupla, Uma em Um Milhão, que já tem mais de 12 milhões de visualizações no YouTube.
Nesta nova etapa, as irmãs prometem mudar o estilo de vida, assustadas com a doença de Simaria e com o ritmo frenético a que se submetiam.
— Estou liberada, sim, mas para fazer shows de sexta a domingo, com muito descanso, com academia e me cuidando. Diminuiremos os shows, a carga de trabalho. Temos a consciência do tamanho que atingimos. As pessoas nunca vão esquecer da gente. Elas só querem que a gente dê o nosso melhor, com boa música e alegria — afirma Simaria na entrevista para lançar o clipe, em São Paulo.
Perdeu a graça
Simone, 34, lembra que a dupla emendava noites sem dormir, após os shows, por conta de gravações e publicidade.
— Você começa a achar que não tem graça o que está fazendo. Para as pessoas, ser famoso é maravilhoso. Mas, em uma rotina desta, deixa de fazer as coisas mais importantes — admite.
Estrela e fã em clipe
O clipe da faixa Um em Um Milhão contou com Deborah Secco, a Karola de Segundo Sol, em cenas sensuais com o marido, o ator Hugo Moura, o Robinho da mesma novela.
— Foi uma escolha da gravadora, que casou bem com o clima da música. Deborah é muito talentosa, sensacional! Me ligou agradecendo, dizendo que é muito fã da dupla e que a música não saía da cabeça dela. Ela é maravilhosa — elogia Simone.
Simaria garante que a canção "não sairá da cabeça dos fãs". A letra fala de um homem que, por não conseguir encarar a amada pessoalmente, para terminar o relacionamento, rompe a relação por telefone.
A mais pura realidade
— Quando eu ouvi esta música, me emocionei na hora. Fala de algo recente, quando a pessoa termina com a outra por telefone. Aliás, este povo não tem vergonha! Termina por WhatsApp (risos) — comenta Simaria.
Mesmo com o ritmo menos acelerado, a dupla já gravou um novo DVD, de surpresa em show no último dia 10, em São Paulo. Ainda não há data definida para lançamento. E as duas também seguem como técnicas do The Voice Kids.
Quatro perguntas para Simone
Como foi cantar sozinha?
O que aprendi nesse tempo foi: que dinheiro difícil de ganhar sozinha (risos)! A minha parte seguiu igual, mas tive que fazer o povo rir, usar decote (risos). Sempre soube que eu e Simaria éramos como tampa e panela, que não se separam. Nossa missão é cantar. Deus deu este talento às duas para levar alegria ao povo.
Que lições tirou?
É preciso desacelerar. Tudo ficou em cima de mim. Tive um esgotamento por conta desta carga de trabalho. Isto me fez perceber que não dá para viver assim. O artista vive em uma prisão sem grades. O melhor momento é quando sobe no palco, quando recebe carinho dos fãs. E, claro, as coisas que o sucesso te traz, como tomar um banho no banheiro com que a gente sempre sonhou. Mas não é tudo. A felicidade não está só nisto.
Existem muitos outros exemplos de artistas que também tiveram problemas com esta rotina louca.
Se a gente não tomar cuidado, coisas sérias acontecem. A gente vê artistas com problemas com bebidas, drogas, com depressão. Graças a Deus, não temos estes vícios. Senão, seria difícil viver o que a gente vive. Quando você sai do hotel, vai para outra prisão, que é o camarim. Ali, encontra os fãs, sobe no palco e, no dia seguinte, ou, no mesmo dia, volta para a prisão do quarto. Se você não tem Deus no coração, coisas sérias podem te acontecer. Foi preciso desacelerar. Senão, a gente não vive e não consegue aproveitar o que a gente conseguiu com muito suor.
Vocês são muito influentes entre as mulheres. Como acompanham as notícias de violência contra a mulher e que conselhos dariam às suas fãs?
Muitas mulheres não veem os sintomas de violência. Começa com uma agressão verbal, o cara pede desculpas. Quando tem gritaria, briga de marido e mulher, nenhum vizinho chama a polícia. É importante que você se ame, que se valorize. Você é muito mais importante do que este relacionamento. Não existe só um homem, só uma mulher. Até porque existem mulheres que agridem homens também.
Quatro perguntas para Simaria
Como foram esses quatro meses afastada dos palcos e da dupla?
A primeira coisa que fiz foi desligar todos os telefones que eu tinha. Me afastei das redes sociais, quis me afastar desse mundo louco que a gente está vivendo. E, às vezes, essa loucura que a gente vê na internet não é verdade. No período em que estive internada no hospital (para tratar a tuberculose ganglionar), só ficava sabendo de algum detalhe dos shows porque a Simone me contava ou porque a nossa assessoria vinha me falar.
E como foi este período da internação?
Foram 18 dias internada, sofri na cama. Naquele momento, o que me importava era a minha saúde. Durante toda a minha vida, trabalhei pela dupla, sempre foi assim. Acho que não parei antes justamente pelo medo de deixar a Simone sozinha, mas eu sabia que estava sentindo algo, que algo não estava normal em mim. Eu sempre pensava no compromisso, na minha irmã, na equipe e não olhava para mim. Mas chegou o momento de olhar para mim. Foram quatro meses de aprendizado. Só posso agradecer a Deus por tudo que vivi.
Vocês são influentes. Como acompanham as notícias de violência contra as mulheres e que conselhos dariam a elas?
O outro não pode decidir o que você quer ser ou pode ser. Se você está levando porrada do seu marido, não está certo. Levante e tome uma atitude! Você não depende de ninguém, não precisa disto.
O que muda na sua rotina a partir de agora, depois de todo o aprendizado vivido durante a hospitalização?
Cheguei a pesar 42 quilos, e o meu peso normal era em torno de 50. Até agora, recuperei pouco mais de dois quilos. Estou comendo de duas em duas horas. Eu não bebia água, acredita? É até um pecado dizer que não gosta de água, é algo sagrado. A gente tem que se alimentar e se cuidar não para ficar gostosa e linda, mas pela saúde mesmo. Ainda faltam dois meses em meu tratamento. Mas, se Deus quiser, ficarei bem.