Em duas noites, nesta quarta (13) e nesta quinta (14) dois dos mais importantes nomes da música instrumental do Brasil dividem o palco do Theatro São Pedro para celebrar cerca de 20 anos de parceria. Com o repertório do DVD Borghetti Yamandu, gravado em 2011 e lançado em 2017, Renato Borghetti e Yamandu Costa prometem uma "bagunça extremamente organizada!", como definem.
– Invertemos o processo. Em geral, os músicos fazem alguns encontros, gravam e, depois de anos, vão para a estrada. Nós, ao contrário, passamos anos na estrada fazendo muitos shows juntos, nos encontrando aqui e ali. Depois, veio a gravação, com o detalhe mais importante: já estava tudo testado, no palco – afirma o acordeonista Borghetti, 54 anos.
Na celebração, Yamandu, 38 anos, se mostra muito grato ao parceiro, que o acompanhou pela primeira vez em um show em São Paulo, nos anos 1990, quando o violonista ainda era adolescente. A atitude, na época, foi fundamental para que a carreira de Yamandu, jovem que ainda começava sua trajetória, deslanchasse. Borghetti já era um músico consagrado cumprindo turnês nacionais e pela Europa.
– Ele é quase um padrinho para mim, apareceu em um momento fundamental da minha carreira. Lembro que, uma vez, naquela época, ele me disse: "Conheço uns 40 violonistas e acho que tu não podes perder uma coisa que é tua, um detalhe tão bonito: tu podes voar, ir para onde quiser, mas tu és da tua terra, e isso faz a diferença" – relembra Yamandu.
No show, a dupla faz um passeio pela música regional, sempre influenciada pela sonoridade latino-americana, em faixas como Sétima do Pontal, La Casa del Chamamé, Barra do Ribeiro e Taquito Militar.
– É muito bom dividir o palco com o Borghetti, pois sempre tivemos muito em comum, acreditamos na mesma forma de fazer música – afirma Yamandu.
Tanto Borghetti quanto Yamandu se reconhecem assumidamente performáticos, característica que uniu os dois ao longo do tempo. Mas com algumas diferenças, como Borghetti ressalta:
– Ele é o orador do palco (risos). Fica mais à vontade de falar. Eu já sou mais fechado, falo menos. Mas acho que a gente tem a mesma pegada da vibração, nossas músicas não são muito comedidas. A gente gosta de ter essa explosão, tanto que a capa do DVD passa um pouco disso.
Apresentações no exterior na agenda
O sucesso do encontro pode ser medido pela agenda conjunta da dupla. No fim de semana passado, eles mostraram o show em três apresentações no interior do Rio Grande do Sul. Ainda neste ano, em outubro, a dupla fará um show em Nova York, na icônica sala Kaufmann Concert Hall. No ano que vem, se apresentarão em Viena, na Áustria.
– É uma sala muito charmosa (a Kaufmann Concert Hall). Chegaremos com nossos cavalos gaúchos, será algo muito bonito. A ideia é levar para o Exterior um pouco mais que o estereótipo da música gaúcha. Lá fora, pouco se sabe que aqui existe essa mistura que a gente faz, mesclando música nativista com influências dos ritmos latino-americanos – comenta Yamandu.
Mesmo na expectativa de apresentar o show para um público diferente, nos Estados Unidos, Borghetti garante que a experiência de tocar no São Pedro é especial:
– Aquele palco é mágico. Claro, é uma "responsa" que te puxa, mas me dá uma sensação boa, de tocar em casa. Mesmo tendo a formalidade que um teatro tem, tu olha para a plateia e conhece um, conhece outro...
Renato Borghetti e Yamandu Costa
Quarta (13) e quinta (14), às 21h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº).
Ingressos a R$ 50 (galerias), R$ 60 (camarote lateral), R$ 70 (camarote central) e R$ 80 (plateia e cadeira extra).