Graças à destreza no dedilhar de seu baixo e seu potente vozeirão, Glenn Hughes deixou de ser coadjuvante para se consagrar como um dos grandes astros do hard rock. Neste sábado (28), o músico inglês de 66 anos faz sua terceira apresentação em Porto Alegre, no Opinião. Mas este é um show muito especial: faz parte da turnê que celebra a fase de Hughes como integrante da seminal banda Deep Purple.
Entre 1973 e 1976, figurou nas formações que o fãs do grupo conhecem por MK III e MK IV (compartilhando o microfone com o vocalista David Coverdale). Gravou os discos Burn (1974), Stormbringer (1974) e Come Taste the Band (1975). No palco, Hughes lembra ainda hinos registrados pela banda com a voz de Ian Gillan e o baixo de Roger Glover, como Smoke on the Water e Highway Star. Na entrevista por e-mail a ZH, o músico fala sobre o tributo, sua prolífica carreira, seus múltiplos projetos e também lembra seu amigo David Bowie.
Você costuma ser associado ao hard rock (pelos trabalhos com Deep Purple, Black Sabbath e outros projetos), mas sempre flertou com soul music, como nos seus discos Play Me Out (1977) e Feel (1995). Planeja uma nova incursão no gênero?
Na verdade, não, pois planejo seguir tocando o material do Deep Purple ao vivo por mais alguns anos. Há sempre a possibilidade de eu voltar ao funk/soul em algum momento, mas, por enquanto, estou abraçado na minha herança e no meu legado com o rock.
Os fãs do Deep Purple creditam a você e a David Coverdale uma adição de swing no som da banda. Você concorda?
Sim, David também era fã de soul e funk, como eu. Eu não escutava ou tocava hard rock antes do Purple, e a mistura de duas vozes diferentes, definitivamente, deu uma sensação de diferença nossa para os anos Gillan/Glover.
Qual repertório você está trazendo ao Brasil? Além das faixas que gravou com Deep Purple, que outras da banda você costuma apresentar?
Eu só toco músicas que apresentei ao vivo ou gravei com o Purple. Não tocamos nada que não sejam (das formações) Mark 3 ou 4. Toquei Smoke on the Water e Highway Star ao vivo, então as apresento também.
Você tem uma carreira prolífica, com projetos solo e com outros músicos. Qual sua inspiração para se engajar em um novo trabalho, escolher parceiros, compor e cair na estrada?
Bem, estou sempre vivendo e respirando música. Diferentes estilos e gêneros fluem em mim para que possa me sentir inspirado sempre que houver boa energia, bons músicos e circunstâncias apropriadas. Agora, estou gostando de reviver a era California Jam (referência ao histórico show do Deep Purple no festival homônimo, em 1974), prestando minha reverência à grande música que fizemos quando eu estava no Purple.
Você e David Bowie foram muito próximos na década de 1970, inclusive moraram juntos por um período. Houve trocas musicais entre vocês a ponto de influenciar um ao outro? Teve contato com ele nos últimos anos? Qual o impacto da morte de Bowie?
Foi triste. Eu não o via há muito tempo e o respeitava enormemente. Lembro desses dias com ele como se fossem ontem. Ele estava sempre mudando seu estilo, me ensinou a não ter medo de mudanças, visual e musicalmente falando. Bowie era o verdadeiro ser único.
Como surgiu o projeto Black Country Communion, grupo em que você tem como parceiros Joe Bonamassa, Jason Bonham e Derek Sherinian?
(o produtor) Kevin Shirley me viu tocar Mistreated (faixa do Purple gravada no disco Burn) com Joe e instantaneamente imaginou um novo projeto com músicos prolíficos como Jason e Derek. É uma ótima banda, uma formação muito poderosa.
Seu último disco solo é Resonate, de 2016. Já tem um novo álbum em vista?
No momento, não, mas tudo pode mudar. Quero chegar ao meu máximo possível nos próximos anos, nas turnês, na volta ao estúdio, com o Black Country Communion, solo e quem sabem em um novo projeto. Estou aberto ao que me parece ser o certo a fazer. Deus abençoe os meus fãs no Brasil, é uma honra me apresentar para vocês. Este é um grande show, estou feliz em tocar essas músicas.
GLENN HUGHES
Sábado (28), às 20h.
Opinião (Rua José do Patrocínio, 834 ). Classificação etária: 14 anos
Ingressos: R$ 200 no 3º lote; R$ 180 (promocional, limitado e válido somente com a entrega de 1kg de alimento não-perecível na entrada do show); R$ 100 (meia-entrada para beneficiários legais). Venda sem taxa: loja Youcom do Bourbon Wallig. Venda com taxa: lojas Multisom da Andradas, 1.001, e Shopping Bourbon São Leopoldo, e Youcom do Bourbon Ipiranga, Shopping Praia de Belas, Shopping Iguatemi, Shopping Total, BarraShopping, Novo Hamburgo e Shopping Canoas.