Lançado em maio, One More Light vai ficar marcado como o último disco do Linkin Park com o vocalista Chester Bennington, que foi encontrado morto com sinais de suicídio na quinta-feira (20). No sétimo álbum de estúdio do grupo, a banda se afasta do nu metal – gênero que consagrou o grupo em seus primeiros álbuns, como Hybrid Theory (2000) e Meteora (2003) – e buscou uma sonoridade mais próxima hip hop, pop e eletrônico.
A guinada sonora do Linkin Park foi bastante criticada por uma parte dos fãs, que ainda veneram o som pesado da banda dos primeiros discos. Em entrevista ao Music Week, Chester mostrou descontentamento com essas opiniões.
– Quando fizemos Hybrid Theory, eu era o cara mais velho na banda, com 20 e poucos anos. É por isso que acho que estou tipo: por que ainda falam de Hybrid Theory? Já faz muito tempo. É um grande disco, nós adoramos. Mas, tipo, siga adiante, sabe? – declarou o vocalista.
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Chester também comentou sobre sua relação com o sucesso.
– Nos perguntam: "O que você acha das pessoas que dizem que vocês se venderam?". Não ligo. Se você gosta da música, fantástico. Se não, é sua opinião também. Fantástico. Se você diz que trabalhamos por uma questão comercial ou monetária, tentando fazer sucesso por uma fórmula... então, dê uma punhalada na cara – disse.
O descontentamento com a nova fase da banda era manifestada nos shows, como é possível observar neste vídeo de uma apresentação realizada em junho no festival de rock Hellfest, em Clisson, na França. Quando Chester começa a interpretar Heavy, faixa do One More Light, há um princípio de vaia e um copo é arremessado no vocalista.
Apesar das críticas à sonoridade mais pop, One More Light apresentava letras sombrias e melancólicas. Ao longo da trajetória do Linkin Park, Chester sempre escreveu sobre suas angústias. No último disco, não foi diferente. No primeiro single, Heavy, o vocalista canta: "I'm holding on/ Why is everything so heavy? (...) To so much more than I can carry / I keep dragging around what's bringing me down / If I just let go, I'd be set free" ("Eu estou segurando / Por que tudo é tão pesado? (...) Muito mais do que eu posso carregar / Eu continuo arrastando comigo o que me derruba / Se eu soltasse, eu poderia me libertar").
Em Nobody Can Save Me, Chester diz: "But nobody can save me now / I’m holding up a light / I’m chasing up the darkness inside / 'Cause nobody can save me" ("Mas ninguém pode me salvar agora / Estou segurando uma luz / Estou caçando minha escuridão interna / Porque ninguém pode me salvar").
Battle Symphony diz: "They say that I don't belong / Say that I should retreat / That I'm marching to the rhythm of a lonesome defeat" ("Eles dizem que eu não me encaixo / Dizem que eu deveria recuar / Que eu estou marchando ao ritmo de uma derrota solitária"). Na mesma música: "Please just don't give up on me and my eyes are wide awake" (Por favor, só não desista de mim e meus olhos estão bem abertos).
Cerca de duas horas antes da confirmação da morte de Chester Bennington, o Linkin Park divulgou o clipe de Talking To Myself.
Logo após seu lançamento, One More Light chegou ao topo da Billboard – marca que a banda não atingia desde Living Things, de 2012. Foi a sexta vez que o Linkin Park chegou à primeira posição da Billboard, se juntando a um seleto grupo do rock que já alcançaram a marca: The Beatles, The Rolling Stones, Led Zeppelin, U2, Bon Jovi, Metallica, Eagles e Dave Matthews Band.