A temporada 2017 de shows de hip hop na Capital será inaugurada nesta sexta-feira com um dos nomes que despontam na nova cena brasileira. A casa noturna Cucko, na Cidade Baixa, recebe Rincon Sapiência, que se apresenta na festa Downtown. O paulistano de 31 anos faz parte de uma nova geração de rappers junto a nomes como Rico Dalasam, Karol Conka, Froid e Raffa Moreira.
Rincon vem ganhando espaço por seu rap com influências que incluem capoeira e blues, passando pelo coco e pela tropicália, até o afrobeat, o que remete à sua infância e adolescência no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo.
– Cresci no ambiente da música, graças aos discos antigos que meus pais tinham de black music norte-americana e brasileira. Eu ouvia também muita rádio, com destaque para o samba dos anos 1990: Art Popular, Katinguelê, Sensação. O rap veio a partir do meu irmão mais velho – lembra Rincon, também conhecido como Manicongo.
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A carreira começou a ganhar forma a partir de 2009, quando gravou a canção Elegância, que passou a repercutir nos bailes, antes mesmo de ser mixada e remasterizada. Em 2010, com a música finalizada e o videoclipe circulando nas redes sociais e na internet, o rapper deixou o emprego como atendente de telemarketing e transformou a música em seu trabalho. A grande virada se deu em 2013, quando participou de dois eventos no continente africano: o Festival 2H, em Dakar, no Senegal, e o Festival Asalam Maleikum Hip Hop, na Mauritânia.
– Aquilo foi um divisor de águas não só na minha carreira, mas na minha vida. Tive a oportunidade de socializar. Foi uma experiência muito rica, pois eu não me hospedei em um hotel, fiquei em uma residência em Dakar. Foi interessante acordar, comprar pão, fazer coisas que eu estava acostumado a fazer em minha rotina. Tive uma aceitação grande pelo fato de o meu rap não se parecer com o norte-americano. Voltei para o Brasil mais confiante – relata o rapper.
A partir dessa experiência, a exaltação de temas relacionados à negritude e às raízes africanas viraram marcas ainda mais fortes no trabalho do artista.
– O rap no Brasil tem um potencial de ser uma referência no mundo. Eu defino o que eu faço como afrorap, porque é da cultura africana, das percussões. É um subgênero dentro do rap que estou com um plano ambicioso de encabeçar.
Para entender do que Rincon está falando é só escutar Meu Bloco, que mistura trap, rap e samba com rimas inspiradas em referência ao Carnaval. A música é presença garantida no set list desta noite e estará no álbum de estreia do artista, Galanga Livre, com lançamento previsto para maio deste ano.
Antes de Rincon, apresentam-se também Lado Sul e Negra Jaque. Após os shows, os DJs da festa Downtown 1037 assumem as pick-ups das duas pistas da Cucko, uma com hip hop e a outra com funk carioca e trapfunk.
RINCON SAPIÊNCIA
Sexta-feira (24/3), às 22h30min.
A abertura da casa será às 20h30min; Lado Sul subirá ao palco às 21h, e Negra Jaque, às 21h45min.
Cucko (Lima e Silva, 1.037).
Ingressos: de R$ 40 a R$ 45. À venda no estacionamento da Cucko, das 14h às 18h, ou no site sympla.com.br.
O show: o rapper, que prepara o disco Galanga Livre, explora a música de raízes africanas com influências que vão da capoeira ao blues.