O que é preciso fazer para chacoalhar 80 mil pessoas (sem ser um terremoto)? Música contagiante, performance explosiva, conexão com o público, muita energia e alguma safadeza. Essa foi a fórmula que Wesley Safadão e Anitta usaram para conquistar o Planeta Atlântida, no fim de semana.
Em uma edição na qual reinou a diversidade de estilos, venceu o Planeta quem melhor soube misturar todos eles. Safadão mostrou-se um mestre da culinária popular ao apresentar um repertório que fundia tudo o que já foi testado e aprovado como sucesso ao longo do tempo. Mesmo quem nunca ouviu falar dele pulava, balançava os ombros, batia palmas ou arriscava uma sacudida de quadris.
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Logo na abertura, ganhou o público pela vaidade: a exemplo do ano passado, começou com um dos hinos não oficiais do Rio Grande do Sul, Querência Amada, de Teixeirinha. Com metade do jogo ganho, podia apenas administrar a partida, mas foi além e sacou sua máquina de hits, que mistura ritmos nordestinos, música brega, pop, sertanejo, arrocha e funk. Camarote, Sou Ciumento, Fala Aqui com a Minha Mão, Fui, Partiu, Segunda Opção, Novinha Vai no Chão, entre muitas outras era despejadas quase sem interrupção.
Além das canções próprias, mandou covers certeiros de Deu Onda (um dos hits do verão, de MC G15), Praieiro (da banda baiana Jammil e Uma Noites) e transformou tudo em Carnaval com Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar (Tim Maia). Em qualquer canto da Sede Campestre da Saba, seja no camarote ou na arena, ninguém parecia imune ao Safadão.
Nas poucas paradas, pediu para o público chamar por seu nome (o já conhecido grito de "Vai, Safadão") e mostrou-se um duvidoso conselheiro sentimental – ensinando, por exemplo, como terminar um relacionamento, atazanar a(o) ex-namorada(o) e afogar as mágoas e dar a volta por cima. Nenhum assunto que ele não dominasse, afinal, é basicamente deste universo que se nutrem suas letras.
"Deu Onda" apareceu nas duas apresentações
No sábado, o jogo estava ganho para Anitta antes mesmo de subir ao palco. Nas rodas de conversas pelos espaços do Planeta, nas filas para o banheiro, até durante as apresentações de outros artistas o assunto era a funkeira carioca, e só ela. E em seu primeiro show solo no Planeta, a cantora fez o que sabe fazer de melhor: botou os glúteos para funcionar do começo ao fim da apresentação.
Usando uma espécie de maiô supercavado com tema de oncinha e meias três quartos combinando, Anitta abriu os trabalhos com Não Para, single de 2013. Acompanhada de bailarinos e banda, engatou Na Batida, No Meu Talento e Meiga e Abusada, quando saiu para botar um boné (também de oncinha). Na sequência, distanciou-se ainda mais de sua raiz funk, com os hits Bang! e Deixa Ele Sofrer – o que não pareceu desagradar ao público, que cantou e dançou com a mesma empolgação todas as músicas. Cobertor (com participação do rapper Projota) e Zen compuseram o set list romântico do espetáculo, que logo virou para o elogio à loucura com as faixas Loka e Essa Mina É Louca.
No pouco que falou, falou bonito, sobre empoderamento feminino e sua trajetória no funk – que foi a deixa para transformar o Palco Planeta numa filial do Furacão 2000. Com a famosa provocação "Vocês pensaram que eu não ia rebolar a minha bunda hoje?", liberou de vez as nádegas no Movimento da Sanfoninha, basicamente um set de exercícios para os glúteos com fartos closes no telão. Para manter o astral, engatou o Deu Onda com Show das Poderosas. Antes de encerrar com Blá Blá Blá, já estava consagrada. Na finaleira do Planeta, ainda esquentou (literalmente) o show do rapper americano Jeremih.