Depois de quase quatro décadas de estrada, shows em todos os cantos do mundo, milhões de discos vendidos e trocas constantes de integrantes, David Coverdale está celebrando sobre o palco a história do Whitesnake, banda que fundou em 1978 na Inglaterra. O mais recente disco, The purple album, traz regravações do Deep Purple, grupo que o vocalista integrou entre 1973 e 1976, o que reforça o clima de festa para os fãs que estarão reunidos nesta terça no Pepsi on Stage. Coverdale falou com ZH sobre a passagem do tempo e o Brasil – onde tocarão em outras cinco capitais.
– Tenho 65 anos, não fico mais intimidado pela idade. “Você não devia mais fazer isso”, me dizem. Você está brincando? Quero ir até o final chutando e gritando. Sou um apaixonado e sempre vou entregar para o meu público o melhor que tenho naquele momento.
Confira os principais trechos da entrevista.
Não é a primeira vez que você vem ao Brasil. O que você lembra do país?
A hospitalidade do brasileiro é algo muito inspirador. É impossível não dar isso de volta para o público. A primeira vez que eu tive no Brasil foi em 1985, no Rock in Rio. Aquilo foi uma loucura, eu amei. Nós tocamos no primeiro e no penúltimo dia, mas eu queria ter tocado em todos (risos). Eu amo a música tradicional do Brasil, sou fã de Caetano Veloso, tive o incrível prazer de conhecer Sérgio Mendes, em Los Angeles. Sou um ávido colecionador do que as pessoas convencionaram chamar de "world music". Eu amo tango, um ritmo que nasceu perto de Porto Alegre, então tenho na minha alma os cheiros e os sabores deste lugar do mundo.
A turnê comemora uma carreira de quase 40 anos. Isso é uma vida.
Não! É muito mais! Meu filho me falou, dia desses: "Pai, o tempo que você faz sucesso já é maior do que o tempo que você não fez sucesso" (risos). É indescritível. Minha vida é maravilhosa, inspiradora, rica, e eu tenho a sorte de continuar recebendo convites para tocar e gravar discos. O mundo mudou muito, e é interessante que o Whitesnake ainda faça sucesso. Por isso, eu tento manter as coisas interessantes: dessa vez, por exemplo, vamos tocar músicas que não tocamos há muito tempo, como Judgement day (de 1989) e Slow an’ easy (de 1984).
Depois de tanto tempo, como manter a forma no palco?
A primeira coisa que faço ao acordar é tomar uma xícara de chá. Sou britânico, se eu não fizer isso todos os dias, sou banido para sempre do Reino Unido (risos). Depois, medito, organizo a mente, penso nas coisas que tenho que fazer. Sou um artista que, desde o início, escreveu músicas desafiadoras para si. É claro que fica mais desafiador à medida que você vai envelhecendo, mas minha plateia é extremamente generosa. É um prazer profundo ficar na frente de milhares de pessoas e vê-las cantando as músicas que eu escrevi, sou muito agradecido por isso.
Você chegou a cogitar que esta seria a sua última grande turnê. É verdade?
Isso foi um mal entendido. Quando estava mixando o The purple album (lançado em 2015), falei que seria perfeito parar depois desse disco. Mas o que vou fazer é tornar as turnês menores, para garantir o melhor show possível. Fisicamente falando, se eu fizer muitas apresentações, a fadiga vai começar a aparecer. Vou completar 65 anos no dia do show em São Paulo (na quinta-feira), mas não fico mais intimidado com a idade. "Você não deveria fazer isso", me dizem. Tá brincando? Quero ir até o final chutando e gritando. Se você for ao meu show, vou te dar tudo que eu tenho, todas as notas que eu puder, seja gritando ou sussurrando no seu ouvido. Vai ser o melhor que eu puder fazer naquele momento da minha vida.
Os membros do Whitesnake mudaram muito com o tempo. Por que isso aconteceu? E qual é sua avaliação sobre a atual formação da banda?
Sempre há razões. Algumas pessoas se cansam, algumas amizades começam a mudar, alguns músicos perdem a paixão pelo trabalho... Eu nunca demiti ninguém. Mas o Whitesnake é muito importante pra mim, e eu tenho uma lealdade muito grande com quem gosta do meu trabalho. Não vou aceitar alguém que queira mudar isso. Convido para tocar comigo pessoas que vão levar o Whitesnake para frente. Esses caras que estão trabalhando comigo hoje são incríveis nesse sentido.
WHITESNAKE
Terça-feira, 20 de setembro, às 21h30min.
Classificação: 15 anos (de 12 a 14 anos, é permitida a entrada na companhia de um responsável).
Pepsi on Stage (Severo Dulius, 1995).
Ingressos: R$ 320 (pista, em segundo lote), R$ 380 (mezanino) e R$ 450 (pista premium, em segundo lote).
Pontos de venda: Loja Multisom Centro (Andradas, 1001 – sem cobrança taxa), FNAC BarraShoppingSul (Diário de Notícias, 300 – com cobrança de taxa) ou pelo site Tickets for Fun.