Quando se pergunta em uma enquete ou na mesa do bar quem é a maior cantora nascida no Brasil, as opiniões costumam dividir-se. Elis? Gal? Bethânia? Elza? Para todas essas grandes vocalistas, porém, a resposta à questão é ponto pacífico: Angela Maria. Aos 87 anos, a Sapoti – apelido dado pelo presidente Getúlio Vargas, que comparou sua voz à doçura da fruta – segue se apresentando e gravando: neste domingo, às 20h, a artista fluminense mostra em Porto Alegre, no Teatro do Bourbon Country, o espetáculo do disco Angela à vontade em voz & violão (2015).
– Costumo brincar com o público: à vontade, mas vestida (risos). Porque de repente dá vontade de ficar de shorts, de maiô, de camisola. A ideia foi do Daniel D’Angelo, que é meu marido e empresário, e do produtor Thiago Marques Luiz. Já gravei de tudo quanto é jeito, com grandes bandas, grandes orquestras, em trio, quarteto, quinteto, só com piano. Não tinha mais o que inventar. Mas eu tinha dúvidas se o público iria gostar desse formato voz e violão. Decidimos fazer uma experiência com alguns shows que eu tinha marcado aqui em São Paulo. Foi um sucesso! – conta a animada diva em entrevista por telefone a Zero Hora.
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Acompanhada pelo violonista Ronaldo Rayol – irmão do cantor Agnaldo Rayol –, a cantora vai enfim apresentar na Capital o show originalmente marcado para 18 de março, no mesmo teatro, e adiado para este domingo por "motivos de logística", segundo a produtora local – os ingressos que já haviam sido adquiridos para aquela primeira data seguem valendo para a apresentação de domingo. No repertório, Angela canta temas gravados em seu 118º álbum – a conta é dela –, como Nunca (Lupicínio Rodrigues), Retalhos de cetim (Benito Di Paula), Só louco (Dorival Caymmi) e Manhã de carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria), além de seus grandes sucessos, tipo Gente humilde, Vida de bailarina, Amendoim torradinho, Tango pra Tereza, Lábios de mel, Falhaste coração e Babalu.
– Apresento-me de um jeito completamente diferente: converso com o público, conto histórias engraçadas. É uma outra Angela Maria, bem intimista. E isso agradou demais ao público, bombou no Brasil inteiro. Digo que é como se estivesse em uma feijoada em uma grande residência e o público pedisse músicas como em uma festa – explica a veterana intérprete, acrescentando: – Canto como nos discos em que estou com uma grande voz diante da orquestra.
Artista vai gravar disco só com Roberto Carlos
Com uma carreira de 68 anos, a cantora ressalta que sua audiência reúne gente de todas as idades:
– Desenterrei grandes sucessos do passado, mostrando para a juventude nossos clássicos. Cerca de 30% do auditório é formado por jovens.
Biografada no ano passado pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour em Angela Maria: A eterna cantora do Brasil, ela surgiu no começo dos anos 1950, disputando com nomes como Emilinha Borba, Marlene e Dalva de Oliveira o título de Rainha do Rádio. Fenômeno de mídia, foi capa de 250 revistas entre as décadas de 1950 e 1970 – muitas delas ao lado do amigo Cauby Peixoto, morto em maio passado, parceiro de incontáveis apresentações, mas ao lado do qual curiosamente Angela gravou pouco.
– Cauby é uma coisa que jamais vai acontecer de novo na minha vida. Foram 65 anos de amizade. Nos conhecemos quando eu cantava em uma boate no Rio e ele me convidou para cantar na boate dele, a Drink, no Leme. Na estreia, ele subiu no palco e cantou comigo Samba em prelúdio, a boate veio abaixo. Nasceu assim nossa dupla.
Atualmente, Angela Maria está preparando um disco só com músicas de Roberto Carlos, que deve ser lançado no mês de dezembro.
– Ele adorou essa ideia. Procurei selecionar canções que ele quase não canta. Vou gravar composições como O show já terminou, Amada amante e Se você pensa – adianta a cantora, que nem cogita se aposentar: – Só quando eu estiver a sete palmos. Está faltando muita coisa para fazer ainda na vida, mas não sei bem o quê.
Angela Maria
Show Angela à vontade em voz & violão, com violonista o Ronaldo Rayol. Domingo, às 20h. No Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80, segundo andar do Shopping Bourbon Country), em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 140 (galerias), R$ 160 (mezanino) e R$ 180 (plateias alta e baixa e camarotes).
Pontos de venda: na bilheteria do teatro (sem taxa). Com a cobrança de taxas: no site ingressorapido.com.br, pelo call center: 4003-1212, na Agência Brocker Turismo (Av. das Hortênsias, 1.845, em Gramado), na Rua Coberta, Campus II, Universidade Feevale (em Novo Hamburgo) e no Bourbon Shopping Novo Hamburgo (Av. Nações Unidas, 2.001, 2º piso).
Descontos: 50% de para sócios do Clube do Assinante nos cem primeiros ingressos e 10% para sócios do Clube do Assinante nos demais ingressos.