Uma das mais importantes e longevas programações artísticas do Estado, o Unimúsica chega aos 35 anos em 2016. A cada temporada, a realização do Departamento de Difusão Cultural da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS escolhe um mote comum para seus shows musicais – e, neste ano especial, o projeto celebra seu legado olhando para a frente: sobre a palavra futuro é o nome da série de concertos populares que se inicia em Porto Alegre nesta quinta-feira, às 20h, no Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110). Maria Bethânia é a primeira atração desta edição "futurista", em que se destaca ainda outra particularidade: as seis apresentações agendadas serão protagonizadas somente por mulheres.
– Em primeiro lugar, foi, digamos, um contraponto à série irreverentes, de 2015, que contou só com homens na programação. Mas há, claro, uma questão sobre a discussão de gênero, no fundo. Há muitas mulheres na liderança em muitas frentes, mas há muito para ser feito em termos de reconhecimento e de representatividade. Não dá para se pensar em futuro sem pensar nessas temáticas. Futuro é conversar sobre gênero e sobre etnia. Não é por acaso que temos duas artistas negras na programação e uma artista que coloca a sua voz a serviço dos povos indígenas – explica Lígia Petrucci, coordenadora e curadora do Unimúsica, referindo-se às cantoras negras Juçara Marçal e Elza Soares e a Marlui Miranda, que há décadas dedica-se à pesquisa e ao registro de expressões musicais dos indígenas brasileiros.
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Na quinta à noite, no espetáculo Bethânia e as Palavras, a diva baiana leva para o palco a especial relação que mantém com a literatura por meio de poemas e textos selecionados por ela, mesclando-os com músicas pouco usuais em seu repertório. O projeto conta com a colaboração de Hermano Vianna e Elias Andreato e a participação do violonista Paulinho Dafilin e do percussionista Carlos Cesar. Maria Bethânia costura leituras de autores como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Sophia de Mello Breyner Andresen, Caetano Veloso e Ferreira Gullar com canções brasileiras e portuguesas – como ABC do Sertão, Romaria, Último Pau de Arara, Estranha Forma de Vida, Marinheiro Só e Dança da Solidão.
A distribuição de ingressos do Unimúsica foi alterada: a partir deste ano, as entradas poderão ser retiradas apenas presencialmente, no mezanino do Salão de Atos, três dias antes de cada espetáculo, das 9h às 20h – não haverá mais reservas pela internet. Outra novidade é que, em vez da tradicional troca de um quilo de alimento não perecível por ingresso, a produção adotou o livro em bom estado de conservação como nova forma de participação nos concertos da série.
Na segunda-feira, os ingressos para o show de Maria Bethânia se esgotaram em uma hora – mas a intérprete retorna ao Estado no dia 9 de julho, apresentando o espetáculo Caderno de Poesias no encerramento da 32ª Feira do Livro de Canoas.
Programação
02 de junho – Maria Bethânia
07 de julho – Juçara Marçal
Integrante de projetos musicais como Metá Metá, A Barca e Vésper Vocal e figura de destaque da nova cena musical paulistana, a cantora e compositora carioca vem mostrar seu primeiro disco solo, chamado Encarnado, acompanhada de Kiko Dinucci (guitarra), Rodrigo Campos (guitarra e cavaquinho) e Thomas Rohrer (rabeca). O álbum está disponível para download gratuito no site jucaramarcal.com.
4 de agosto – Marlui Miranda
Cantora, compositora, arranjadora e produtora cultural, a artista dedica-se há quase 30 anos à pesquisa e a produções na área da música indígena. Acompanhando-se no violão e na percussão, Marlui dividirá o palco com uma banda de virtuosos instrumentistas: Rodolfo Stroeter (contrabaixo), Paulo Bellinati (violão), Caíto Marcondes (percussão) e Ricardo Mosca (bateria).
1 de setembro – Karina Buhr
Baiana criada em Recife, a cantora e compositora traz a Porto Alegre o show de Selvática, seu terceiro disco – cujo norte é a temática feminista. Intérprete de presença incendiária no palco, Karina gravou o álbum ao lado de músicos como Edgard Scandurra, Fernando Catatau, Guizado e Manoel Cordeiro, entre outros – além de contar com as participações de Elke Maravilha e Denise Assunção na faixa-título.
6 de outubro – Carina Levitan, Gisele de Santi, Vanessa Longoni, Gutcha Ramil
Cantoras, compositoras e instrumentistas de trajetórias distintas, que vão da canção tradicional à experimentação sonora, as quatro gaúchas se apresentarão pela primeira vez juntas no show coletivo Sobre a Palavra Futuro.– Não tem nada definido ainda, mas imagino que será algo bem audacioso, combinando canções, poesia, performances sonoras e artes visuais – aposta a curadora Lígia Petrucci.
3 de novembro – Elza Soares
Depois de arrebatar o público porto-alegrense no começo de abril com A Mulher do Fim do Mundo, a veterana cantora volta com o show de seu mais recente disco – considerado pela crítica um dos melhores de 2015. Além de músicas desse elogiado álbum – como a faixa-título, Luz Vermelha, Firmeza?!, Pra Fuder e Maria da Vila Matilde –, Elza deve apresentar temas consagrados, tipo A Carne, Volta por Cima e Pressentimento.