Bruna Lombardi era uma jovem atriz de 24 anos quando lançou o seu primeiro livro, a reunião de poemas No Ritmo dessa Festa (Editora Três, 1976). Ela veio a Porto Alegre para autografar na 22ª Feira do Livro. Durante a sessão com os fãs, ao olhar para a fila, deparou com um rosto ilustre: o poeta Mario Quintana aguardava pacientemente para receber uma assinatura.
A partir daí, criou-se uma amizade que virou uma das histórias mais marcantes em 70 edições da Feira do Livro de Porto Alegre. A convite de Zero Hora, Bruna relembrou como foi esse encontro e o que se seguiu depois:
A Feira do Livro de Porto Alegre tem um significado especial na minha vida. Foi nela que tudo começou. Eu tinha uns 20 e poucos anos quando lancei meu primeiro livro. E fui convidada para participar da Feira do Livro de Porto Alegre, um acontecimento na minha vida. E fui para lá. Só que nunca imaginei que isso iria mudar a minha vida.
De repente, estava no meio de grandes autores, os meus favoritos: Rubem Fonseca, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Carlos Nejar, e tantos outros. E Mario Quintana... Bom, Mario Quintana, eu tenho uma história especial.
No dia do meu lançamento, eu sentada assinando o livro... De repente vi o Mario Quintana, meu ídolo, ali no meio daquela fila enorme, humildemente com o livro debaixo do braço (...) A partir daquele dia, nos tornamos grandes amigos. Uma amizade que durou a vida inteira.
Dentro desse encontro de autores importantes, eu era uma mascote, mas fiz grandes amizades. Amizades que mudaram a minha vida. E tive a sorte de encontrar o Maqui Quintana, o imenso prazer em ser sua amiga, apesar da enorme diferença de idade.
A gente prometeu se encontrar uma vez por ano, e esse encontro aconteceu mesmo, uma vez por ano, exceto quando eu fiquei grávida. Eu ia sempre, pelo menos uma vez por ano, para Porto Alegre. E a gente passeava pelas ruas, tomava café, conversava muito. Ele me mostrava poemas inéditos e eu lia os meus. A gente falava de tudo, das coisas cotidianas também. Isso foi muito importante. Isso foi muito importante nas nossas vidas. Acho que fez muito bem para mim e fez muito bem para ele.
Eu via ele como um anjo, desses que escondem as asas debaixo do paletó. Ele era isso: um anjo disfarçado, cheio de humor e um grande poeta. Guardo essa amizade no coração e tenho uma gratidão imensa pelo Rio Grande do Sul, por Porto Alegre e, particularmente, pela Feira do Livro.