Um dos mais importantes escritores americanos, Philip Roth morreu nesta terça-feira (22), aos 85 anos. Em 2012, quando anunciou sua aposentadoria, a equipe do Segundo Caderno preparou uma lista com os principais livros para conhecer a obra do autor - foram 31 romances publicados durante a sua carreira. Confira.
1 - O Complexo de Portnoy (1969)
Alexander Portnoy, jovem advogado nova-iorquino, conta ao seu psicanalista, em um tom entre agressivo e exuberante, sua vida, traumas e problemas. Fascinado e ao mesmo tempo sufocado pela mãe superprotetora, Portnoy cresce obcecado por sexo, passa a adolescência tentando perder a virgindade e, já adulto, precisa lidar com as tribulações de um relacionamento com uma mulher inculta.
2 - Os Fatos (1988)
Publicada originalmente em 1988, a autobiografia ganhou versão brasileira somente em 2016. Os Fatos narra a trajetória de Roth desde a infância, vivida em um bairro judeu de Nova Jersey, até sua consagração como romancista, com a publicação de O Complexo de Portnoy (1969), polêmico romance que fez seu nome como autor. Na primeira parte, o texto se detém em lembranças infantis, tendo momentos de derramada nostalgia, como quando trata de seu amor pelo beisebol. Em seguida, a narrativa cresce, com episódios que envolvem sua formação acadêmica e literária.
3 - Patrimônio (1991)
Um livro de memórias que é também um dos grandes depoimentos literários sobre finitude e as ligações familiares. O escritornarra como precisa cuidar do pai, vítima de um agressivo tumor cerebral. A luta diária com a doença e com a vulnerabilidade provocada no pai pelo tumor alterna-se com memórias que Roth tem do pai no auge da saúde, um homem vigoroso que o filho pequeno via com admiração.
4 - Operação Shylock (1993)
Um Roth em sua melhor forma se torna personagem de seu próprio romance, ao deparar com um sósia que se apropriou de seu nome. Ao enfocar o tema do “duplo”, recorrente na literatura, Roth cria um “outro” que, baseado em Israel, está envolvido em uma missão secreta destinada a levar os judeus de volta à Europa. O livro é inspirado em um episódio real vivido por Roth em 1988, o da descoberta de um farsante usando seu nome.
5 - O Teatro de Sabbath (1995)
O livro mais brilhante e provocador de Roth. Artista de fantoches forçado a se aposentar devido à artrite, Mickey Sabbath é um homem amargurado que vocifera contra as injustiças imaginárias que pensa sofrer da vida enquanto busca resistir à velhice e à morte com visitas constantes a puteiros e com um caso extraconjugal com uma vizinha. O protagonista do livro é desagradável, boquirroto e mesquinho, mas sua personalidade fascinante e sua vitalidade selvagem mascaram a chave de leitura da obra, uma tragédia da condição humana escrita em tom de sátira.
6 - Pastoral Americana (1997)
Nathan Zuckerman, alte ego do próprio Roth, narra esta história sobre a vida de Seymour Levov, o “Sueco”. Filho de imigrantes judeus, o “Sueco” é uma espécie de herói de sua comunidade. Um rapaz bonito, gentil, loiro e atlético como um estereótipo americano. A tragédia de Levov, expressa por sua desagregação familiar posterior, é que ele acredita de fato que possa ser de fato merecedor dessa “herança americana”.
7 - Casei com um Comunista (1998)
Um dramático segredo pessoal persegue o protagonista Ira Ringold desde a adolescência. Homem de origem rude que, apegado a seus ideais comunistas, se vê traído pela esposa, que delata seus amigos e arruína sua vida. Segundo volume da Trilogia Americana produzida por Roth nos anos 1990.
8 - A Marca Humana (2000)
Na esteira do escândalo sexual que abalou a gestão Clinton, Roth publicou este romance sobre um professor universitário, Coleman Silk, caído em desgraça após um comentário feito em aula e tido como racista. Um segredo do passado de Silk, no entanto, torna o escândalo em que se envolveu irônico e mais complexo. Último volume da Trilogia Americana.
9 - O Animal Agonizante (2001)
Roth encerra com esta novela outra trilogia, protagonizada pelo lascivo professor David Kepesh. É também um dos grandes livros da fase tardia do autor, mais centrada na finitude e na decadência do corpo. Kepesh sente o peso da velhice ao se apaixonar por uma jovem descendente de cubanos.
10 - Homem Comum (2006)
Propositadamente sem nome, para ressaltar o tom de universalidade de seu romance, o homem comum tem sua vida acompanhada desde a infância, em praias idílicas durante os verões, passando pelas realizações profissionais da idade adulta e conflitos familiares até a velhice, quando é atormentado por uma série de males físicos.
11 - Nêmesis (2010)
Quando lançou sua última obra, em 2010, Roth já havia dado indícios de que poderia dar um tempo na carreira. Em entrevistas, ele chegou a destacar "o inferno" que é começar um novo livro. Nesta obra, ele volta a estimular, com melancolia, o embate entre o protagonista e sua própria finitude.