Autor português do livro de poemas A Criança em Ruínas, José Luís Peixoto estará na Feira do Livro neste domingo, às 15h, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, para falar sobre a vida adulta e a nostalgia da infância. Ele autografa o livro às 16h30min.
Seu livro se chama A Criança em Ruínas. É uma tentativa de reconstituir a infância por meio da linguagem?
A literatura, de certa forma, a partir do ponto de vista do autor, acaba tendo uma reflexão do momento em que ele está e das questões que são importantes em algum período específico. No caso de A Criança em Ruínas, essa reflexão é muito concreta e objetiva, uma vez que o livro é constituído por diversos poemas bastante visuais, onde o eu é muito associado ao autor e as suas próprias reflexões. Nesse caso, também sinto que o passado está muito presente. E dentro desse passado, as questões de infância acabam sendo um dos elementos mais forte dessa reflexão, quando pode se dizer que nessa época se estabelecem os valores que vão permanecer durante toda a vida.
No Brasil, a poesia tem perdido espaço para a prosa. O mesmo se dá em Portugal?
Essa preferência pelo romance é algo que tem acontecido a nível internacional, não é exclusivo do Brasil e acontece em Portugal e outros países também. Penso que esta atual vantagem que o romance tem, tem a ver com ideias de mercado que, ao meu ver, com o tempo vão mudar e os outros gêneros também terão o seu lugar. Eu sinto que se trata de um equívoco, na medida em os desafios que se encontram no romance são bem semelhantes aos que se encontram nos outros gêneros. No caso da poesia, há uma tentativa de condensação muito forte das ideias.
Você tem conseguido publicar no Brasil por diferentes editoras, bem como circulado em eventos literários. Como avalia o intercâmbio entre a literatura brasileira e portuguesa neste momento?
Quando publiquei o meu primeiro livro no Brasil, em 2005, não havia um intercâmbio tão presente de autores entre os dois lados do oceano. Nós falamos a mesma língua, e por isso nossa comunicação deve ser incentivada. É claro que, mesmo olhando para a situação atual, onde existe muito mais troca do que antes, penso que esse intercâmbio deveria ser muito maior, temos muito a ganhar com a proximidade, mas o caminho está sendo percorrido.