No domingo, muita gente não conseguiu entrar no auditório Barbosa Lessa do CCEV, auditório que recebeu o escritor português Valter Hugo Mãe, que lançava seu romance Homens imprudentemente poéticos. Foi uma lástima, mas impossibilidades existem em todos os lugares.
Como a patrona tem trabalho, mas também seus privilégios, tocou a Luiz Paulo Faccioli e a mim a mediação da conversa com o Mãe. A fala do gajo foi daquelas coisas de se gravar para ficar ouvindo pela vida afora: ponderações bonitas, associações inusitadas, com uma esperança que sei lá de onde ele tira. De se rezar de lindo.
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No final de domingo, foi a vez do grande cineasta, grande leitor e multitudo Jorge Furtado ler e comentar sonetos e peças de Shakespeare, cujos 400 anos de morte são lembrados neste ano. Casa cheia, o Jorge deu um show de erudição e de simplicidade, tudo junto e incluído. É incrível como nada, mas nada mesmo, substitui o talento. Jorge, leitor de Shakespeare: outro evento de se escutar rezando e agradecendo.
Quanto a mim, eu que fico mediando esses eventos de luxo, só tenho a lamentar os pés doídos e as solas dos tênis cada vez mais gastas. Me alimenta a alma, no entanto, o carinho que tenho recebido de leitores de todas as idades. E a companhia das pessoas que têm trazido suas cadeirinhas para montarmos a praia da Feira. Aquilo é, mesmo, pura diversão. Baita luxo. Amanhã falo mais a respeito. Boa Feira a todos.