"Que tristes são as coisas consideradas sem ênfase." A frase de Drummond escolhida por Pedro Gonzaga como epígrafe de seu primeiro livro de crônicas, O livro das coisas verdadeiras, define o gênero pela sua característica mais essencial: o olhar demorado sobre as coisas ligeiras.
Poeta, contista, músico, professor, tradutor, doutorando em Escrita Criativa e colaborador do Segundo Caderno, Pedro Gonzaga trafega pelos múltiplos temas afins aos seus ofícios equilibrando-se elegantemente no estilo "high-low" – capaz de aproximar Kundera, Vargas Llosa e Luciana Vendramini na inesperada vizinhança de uma única frase.
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Menos do que os temas, é a linguagem sofisticada que distingue este cronista de tantos outros da sua geração. A ponto de suas crônicas serem tachadas de "barrocas",como conta o autor em um dos textos incluídos no livro – crítica que Pedro, sabiamente, levou como elogio. "Barroco", para o leitor destreinado, é aquele texto que não se entrega, sem luta, à linguagem banal do dia a dia.
A delicada carpintaria com que Gonzaga arremata cada crônica caiu muito bem no formato livro e permitiu que o autor revisitasse cada um dos textos com pequenos e saborosos "posfácios" metalinguísticos.
Pedro Gonzaga autografa o novo livro nesta quarta-feira, a partir das 18h30min, na Palavraria Livros & Cafés (Vasco da Gama, 165).
O LIVRO DAS COISAS VERDADEIRAS
De Pedro Gonzaga. Crônicas, Arquipélago, 160 páginas, R$ 31,90.