Há um mês, a dupla Henry & Klauss se apresentava no palco do programa de talentos norte-americano America's Got Talent. Os dois surpreenderam a plateia e os jurados, que ficaram impressionados com o número de escapismo dos mineiros — o truque, por sinal, garantiu a eles passagem para a próxima fase da temporada da famosa atração, que segue em andamento. Neste final de semana, porém, os ilusionistas sobem em outro palco, o do Teatro do Bourbon Country, e prometem impressionar também os gaúchos.
O espetáculo trazido a Porto Alegre e que abre a turnê é Destino Mágico, um show que se baseia em equipamentos modernos, buscando unir entretenimento, grandes ilusões e tecnologia. Serão três sessões — sendo que duas delas são extras, devido à grande procura — e ocorrem nesta sexta-feira (12), às 19h30min, e no sábado (13), às 15h e às 19h30min. Os poucos ingressos que ainda restam estão à venda em uhuu.com e na bilheteria do teatro.
A dupla, que já virou notícia nacional ao quebrar o recorde mundial de levitação em público, em 2019, no meio da cidade de São Paulo — eles ficaram nas alturas por 4h22min e foram para o Guinness Book —, vem ganhando cada vez mais projeção mundial, assim como prêmios. Os dois, inclusive, já estrelaram uma série própria no Fantástico, Ilusões de Risco. E o que chama atenção é a invencionice e a grandiosidade de cada truque.
E não é exagero. Henry Vargas, por exemplo, ao dar entrevista para GZH, por vídeo, estava ao lado de uma turbina gigante, preparando a apresentação que será vista neste final de semana na Capital. Para levar os seus equipamentos de uma cidade para outra, ele conta que é preciso uma carreta de 15 metros de comprimento e, além da equipe fixa de 15 pessoas que trabalha com os dois, para cada show o número de envolvidos mais que triplica.
— É uma produção bem cara. A mágica precisa de equipamentos bem desenhados, muitos deles da gringa (do Exterior). Essa turbina gira, então tem um maquinário para funcionar. É da soma de várias coisas que se cria uma grande produção — explica Henry.
O ilusionista compara, em termos de produção, Destino Mágico com um musical, uma vez que o espetáculo conta com cenário, contrarregras, figurinos, diversas pessoas envolvidas, todo um esquema de audiovisual, câmeras, efeitos especiais, um painel de LED de 160m², entre outros detalhes para que, ao mesmo tempo, estejam acontecendo muitas coisas no palco.
— A gente costuma dizer que não usa coelhos, pombos e cartolas. A gente gosta dessas referências, mas trazemos um ilusionismo que é ultramoderno e tecnológico, que é a linguagem das pessoas de agora. Não existe na América Latina, hoje, uma produção tão grande de mágica como a nossa — garante Henry.
De BH para o mundo
Tanto Henry quanto Klauss Durães têm 30 anos. A dupla, que é jovem em comparação com a sua trajetória de 15 anos, não começou atravessando turbinas ou escapando de barris suspensos no ar prestes a explodir. O início deles foi simples, com os dois fazendo mágicas pequenas em festas infantis e restaurantes, separadamente. Até que, depois de se encontrarem, em um congresso, decidiram levar a profissão a sério.
Assim, fundaram a produtora Ilusion e, depois de começar a se apresentar em eventos corporativos, passaram a investir a maior parte do que ganhavam para criar produções mais elaboradas e tecnológicas, modernizando os números de mágica clássicos.
Fãs do lendário norte-americano David Copperfield — que fez a Estátua da Liberdade desparecer e levitou sobre o Grand Canyon —, Henry e Klauss começaram a perceber o movimento de ilusionistas estrangeiros em deixar os números mais modernos e pensaram: "Por que não fazer isso no Brasil?". E, assim, eles buscam levar a mágica de volta para os teatros — e, pelas sessões extras e ingressos quase esgotados, percebe-se que a missão está dando certo.
— Em comparação com a mágica de antigamente, o desafio é o mesmo, mas a preocupação com detalhes é maior. O desafio é ir mais na riqueza das coisas para que a gente consiga chegar neste nível de perfeição que temos — destaca Henry.
Segundo o ilusionista, nada dá errado em seus shows, porque cada número conta com uma técnica em que se tem múltiplas saídas, com diversas argumentações e histórias cênicas. Por isso, um show pode ser diferente do outro, mas sempre com a ideia de surpreender o público:
— Temos riscos controlados, caso hipóteses aconteçam, porque, realmente, tem coisas que não estão apenas sob nosso controle, envolvendo outras pessoas. E temos risco, mesmo, como um pavio pegando fogo, um tanque de água. E, por isso, o que a gente pode fazer é minimizar os riscos por meio de saídas artísticas.
Para os shows em Porto Alegre, Henry destaca:
— O público pode esperar surpresas, diferentes tipos de emoção, histórias, um aspecto visual muito forte. Eles vão ver, exatamente, a maioria das grandes coisas que a gente já fez na televisão. Muita gente costuma dizer: "Ah, eles fizeram isso na TV, mas foi truque de câmera". Então, a gente faz ali no show para as pessoas verem que ali não existe esta possibilidade, porque é exatamente como elas assistem na TV. Na verdade, é até melhor, porque elas estão vendo na frente delas.
Detalhes
Para um número de Henry & Klauss ser desenvolvido a partir do zero, demora, mais ou menos, quatro meses. E para que tudo dê certo, os ilusionistas, após a concepção artística, contam com consultores criativos — alguns deles de Las Vegas, outros de áreas distintas, que ajudam a pensar artisticamente os truques, elaborando a dramaturgia, o aspecto visual, o musical e o audiovisual. No total, participam do trabalho para a criação de cada número cerca de 20 pessoas.
— Temos que ir além da mágica que a tecnologia já proporciona. E, por isso, às vezes, temos que ir até no sentido inverso da tecnologia, que é trazer coisas do mundo digital para o mundo real. Contamos com muita tecnologia que joga a nosso favor no show. Não é a mágica em si, mas ela é o elemento visual do show, um aporte — enfatiza Henry.
Porém, nem sempre a criação de um número dá certo — e, quando isso acontece, às vezes, a perda vai além do tempo: um truque errado pode dar um prejuízo de R$ 10 mil, valor que a dupla sabe que, de vez em quando, tem que "rasgar" para poder criar entretenimento de alto nível. E tudo isso aliado ao preparo mental e físico que é preciso ter — todo dia, às 6h, ambos estão na academia, porque precisam manter o peso ideal, uma vez que os truques são milimetricamente calculados para o tamanho deles.
Sobre o America's Got Talent, Henry revela que foi uma grande surpresa receber o convite para ir até o palco do programa e que decidiram fazer tudo em silêncio, por medo de "dar muito ruim". Porém, conseguiram levar oito membros da equipe, e lá ainda foram assistidos por profissionais que atuam em Hollywood, que ajudaram a conduzir o número com perfeição, sem deixar margem para erro.
— Estamos levando o nome do Brasil. Essa exposição para o mercado do entretenimento é um marco importante de mostrar que se pode fazer mágica de maneira legal, inovadora e surpreendente também aqui. Que isso não é um efeito só da gringa — pontua Henry.
"Destino Mágico", com Henry & Klauss
- Nesta sexta-feira (12), às 19h30min, e no sábado (13), às 15h e às 19h30min, no Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), em Porto Alegre.
- Ingressos a partir de R$ 170, à venda em uhuu.com (com taxa) e na bilheteria do teatro (sem taxa).
- Desconto de 50% para os 50 primeiros sócios do Clube do Assinante a adquirirem ingressos e de 10% para os demais.