Reunindo a Turma da Mônica para falar da diversidade da cultura tupiniquim, o espetáculo Brasilis estará em cartaz desta sexta-feira (1) a domingo no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre. Com direção e produção-geral de Mauro Sousa, filho de Mauricio de Sousa, a montagem do Circo Turma da Mônica combina musical, acrobacias, dança e teatro para apresentar culturas que constituem o país, permeando diferentes regiões e povos – indígena, africano e europeu.
Brasilis começa com o quarteto do Limoeiro – Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão – brincando na casa de Chico Bento. Embora o filme Laços tenha trazido atores de carne e osso interpretando a turminha, aqui temos os personagens clássicos representados por fantasias estilo festa infantil, com máscaras de cabeça gigante – as bocas não se mexem e as vozes são gravações.
Em meio às brincadeiras, conversam sobre as diferenças entre a cidade e a roça. Surge o questionamento: o que é diversidade cultural? Cabe à Vó Dita (Fafy Siqueira), avó de Chico Bento, responder. Com seu jeito amoroso e sereno, ela é uma contadora de histórias sobre a cultura e o folclore brasileiros.
Assim como os “bonecões”, a voz de Fafy é pré-gravada, porém ela se “autodubla” em perfeita sincronia. Mas e se algo der errado?
— Não tem plano B (risos). Eu estudo as falas o tempo todo. É a coisa mais importante para mim, que não ficasse frio e não soasse verdadeiro. É um grande desafio — explicou a atriz em conversa com a imprensa em agosto, na estreia do espetáculo em São Paulo.
A trilha sonora é do grupo baiano Olodum e quem solta a voz ao vivo é a cantora Paula Lima, que interpreta as canções compostas para Brasilis. Paula, 49 anos, relata que cresceu se identificando com a Turma da Mônica:
— Foi meu primeiro gibi. Foi a primeira mulher empoderada que vi, parecida comigo. Eu não gostava de brincar de panelinha, casinha. Já queria ser dona do meu nariz, assim como a Mônica.
Com 65 anos, Fafy Siqueira é outra que acompanha a tirinha que completou seis décadas em 2019. Sua afeição pelos personagens de Mauricio de Sousa foi decisiva para aceitar o trabalho:
— Sou uma criança dos anos 1960. Todas as bonecas eram loirinhas, de olhinho azul. Eu não queria ser dona de casa, brincar de mãe e casinha. Queria brincar com os meninos porque brincavam de aventura. De repente apareceu um comercial, com a Mônica e o Elefante, e me encantei. Quando fiz 10 anos, meu pai me deu de presente uma Mônica grande: "Olha uma boneca que é a sua cara". Foi algo que me acompanhou. Hoje tenho 64, tenho muitas coisas da Mônica.
A mensagem
Brasilis traz cenários grandiosos, fantasiosos e coloridos, como nos quadrinhos da turma, com as versões de florestas, ocas indígenas e do campo, entre outros exemplos. Vestidos por bailarinos e artistas circenses, há mais de cem trajes elaborados pela figurinista Carol Barreto, contendo peças artesanais com retalhos inspiradas na região do Recôncavo Baiano.
O espetáculo se apoia em sua mensagem de diversidade cultural, apresentada de forma sutil e lúdica. Para Mauro Sousa, falar desse tema é um ato de coragem, além de ser um posicionamento da Mauricio de Sousa Produções:
— É algo extremamente polêmico hoje, mas também muito importante. É um posicionamento este espetáculo, mas entendemos que não é um posicionamento político. É um posicionamento humano, de um assunto extremamente importante para ser dito às crianças.
Durante o espetáculo que GaúchaZH acompanhou, em São Paulo, era possível observar o público concentrado em Brasilis, mas também empolgado e participativo.
— As crianças agem diferente. Elas ficam sentadas, em silêncio, prestando atenção na Vó Dita. Fico chocada! Riem e participam. A história é envolvente — define Paula.
Os adultos que assistem ao espetáculo também se emocionam. Trata-se do reflexo da obra atemporal do desenhista, que atravessa gerações. Para Fafy, trata-se de um gênio:
— A pessoa que consegue criar tudo isso é um gênio. É mágico. Não tem uma explicação. Vocês já estiveram com ele? Já vi Roberto Carlos, a Xuxa, Paul McCartney, essas pessoas têm uma coisa a mais, que os faz criar algo que dura a vida inteira.
*O repórter viajou a convite da produção do espetáculo
Circo Turma da Mônica - Brasilis
- De sexta-feira a domingo, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80), fone: (51) 3375-3700.
- Horário: sexta, 16h e 19h30min; sábado, 15h e 18h30min; e domingo, 11h e 16h.
- Ingressos: de R$ 75 a R$ 160, variando conforme o dia e sessão.
- Pontos de venda: bilheteria do teatro (sem taxas), até sábado, das 12h às 21h, e domingo e feriado, das 14h às 20h; e pelo site uhuu.com.