Em Porto Alegre para apresentar o espetáculo O Topo da Montanha, com sessões desta sexta-feira (19) até domingo (21) no Theatro São Pedro, Lázaro Ramos e Taís Araújo participaram do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta.
Escrita pela dramaturga norte-americana contemporânea Katori Hall, a peça mostra o encontro do líder do movimento pelos direitos civis Martin Luther King (1929-1968) — vivido por Lázaro Ramos, também o diretor da peça — com uma camareira chamada Camae — papel de Taís Araújo — em um hotel após seu último sermão, no dia anterior a seu assassinato. O que ocorre durante esse diálogo intenso e transformador é o cerne do espetáculo.
Na entrevista, o casal falou sobre o amor deles pelo texto da montagem.
– Cada vez que a gente volta a fazer esse espetáculo, nos apaixonamos mais. Não o realizávamos desde novembro. Chegamos no teatro ontem (quinta-feira, 18), começamos a passar a peça e voltou um desejo de ficar no palco. É um texto muito especial – destacou Lázaro.
Os dois também comentaram sobre ativismo negro no Brasil mencionando nomes como Conceição Evaristo e Kabengele Munanga (antropólogo), além de lideranças comunitárias.
– Falta colocar luz sobre essas pessoas. Prestar atenção nelas e potencializá-las – apontou Taís.
Ao serem questionados se sentem pressão de levantar bandeiras e brigarem por espaço para os negros, Taís respondeu:
– Temos muito prazer desse lugar que a gente ocupa enquanto artista. Somos dois atores e escolhemos falar sobre coisas que tocam a gente. Não temos esse papel de liderança.
Lázaro complementou:
– É natural, com o que a gente convive no dia a dia, nossa família. Essas coisas vão chamando a gente. Claro que seria maravilhoso se pudéssemos falar só dos outros lados da nossa existência. Mas esse é um lado também que eu encaro com prazer. Às vezes traz um pouquinho de sofrimento. Normal, é do jogo. Ao mesmo tempo, ter a possibilidade de ser escutado e ser visto... Há muita gente sozinha que quer falar, mas ninguém escuta.
Sobre uma possível dicotomia de Martin Luther King e Malcom X, Taís refletiu:
– Imagina se eles tivessem a chance de conversar e encontrar um meio do caminho? Um caminho que não fosse violento, mas com uma agressividade que impulsiona. Como a história não poderia ter sido diferente? Não existe só um ou outro. São muitos os caminhos.
Lázaro Ramos também destacou a hospitalidade da Capital:
– Fico meio errado quando a gente vem para Porto Alegre. O pessoal trata a gente tão bem que dá vontade ficar.
O Topo da Montanha
- Sexta (19) e sábado (20), às 21h, e domingo (21), às 18h.
- Theatro São Pedro (Pça. Marechal Deodoro, s/nº).
- Ingressos esgotados.