Contando a história de amor entre uma aspirante a estrela de Hollywood (Emma Stone) e um pianista de jazz (Ryan Gosling), o filme La La Land (2016) saiu do Oscar 2017 com seis estatuetas, entre elas a de melhor trilha original e a de melhor canção (City of Stars).
Agora, o público porto-alegrense poderá ouvir a música ao vivo em La La Land In Concert, que terá sessão única nesta sexta-feira (21), às 20h30min, no Auditório Araújo Vianna. Não é exatamente um musical, mas uma projeção do filme na íntegra, incluindo os diálogos originais (legendados em português), com a trilha executada ao vivo pelos mais de 50 músicos da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos e uma banda de jazz. O regente será Adriano Machado.
O projeto foi concebido por Justin Hurwitz, compositor da trilha do filme (ele não virá a Porto Alegre). Na entrevista a seguir, concedida por telefone, ele fala sobre como adaptou a música para ser tocada ao vivo.
Como surgiu a ideia de criar um concerto com a trilha sonora de La La Land?
Depois do lançamento do filme, os produtores perguntaram se eu gostaria de ajudar a criar um espetáculo, e achei que era uma ótima ideia, porque há tanta música no filme e uma das partes mais divertidas do processo, para mim, foi a gravação da trilha, ou seja, ver a orquestra e os músicos de jazz tocarem. Adorei a ideia de compartilhar essa experiência com os espectadores para que eles pudessem assistir à música sendo criada ao vivo. É uma trilha desafiadora e empolgante. Tocar o piano de jazz ao vivo em sincronia com o filme é muito difícil. Achei que isso seria especificamente divertido de ver.
Há diferenças entre a trilha do filme e a do espetáculo?
Não há muitas diferenças significativas, tentamos mantê-las o mais próximo possível. Tivemos que fazer pequenas mudanças para que as coisas pudessem fluir, pois, quando você grava em estúdio, você para e começa a cada pequeno trecho da música, você grava tudo separadamente. E num concerto ao vivo tudo precisa fluir, porque o filme não para, é claro. Diria que a maior diferença é que, em certas partes, temos os músicos de jazz improvisando. Então, às vezes os músicos devem tocar exatamente em sincronia com a tela, mas em outros momentos eles têm alguma flexibilidade para improvisar. São sempre divertidos esses momentos em que eles podem sair da partitura e ainda estar tocando a mesma canção da tela.
Como os músicos enfrentam o desafio de improvisar solos enquanto devem estar em sincronia com a tela?
É difícil. Os solos de piano nas partes em que você vê no filme as mãos de Sebastian (personagem de Ryan Gosling) devem ser tocados nas mesmas notas. Mas em outros momentos, quando tem bandas de jazz tocando na tela, a banda de jazz no palco pode improvisar, então a sincronia não é uma questão, e eles devem apenas ficar nos limites do mesmo número de compassos para terminarem na hora certa. Mas nesse caminho eles podem tocar suas próprias notas, o que é interessante de ver.
Falando do filme, o senhor considera La La Land um musical tradicional ou diferente?
Uma das coisas que mais me impressionaram na visão de Damien (Chazelle, o diretor) para o filme é como ele queria um musical que fosse estético em alguns momentos, mas também muito terreno e realista em outros. A cena em que os personagens têm uma grande briga quando estão jantando no apartamento é muito crua. Não acho que haveria esse tom na maioria dos outros musicais, porque eles costumam ser muito elevados o tempo todo. La La Land é elevado em muitas partes, mas também mergulha em momentos dramáticos e crus. Essa mudança de tom é um dispositivo especial que Damien criou.
O senhor trabalhou com Chazelle em filmes como Guy and Madeline on a Park Bench (2009), Whiplash (2014) e O Primeiro Homem (2018). Como se dá essa relação de trabalho entre vocês dois?
Damien é músico, então ele sabe como falar sobre música, o que eu admiro. Isso torna meu trabalho mais fácil. Ele tem uma visão muito completa para os filmes, e isso inclui a trilha. Realmente se importa a respeito de como a música funciona em seus filmes e quer que a música tenha um papel importante, mesmo que não seja um musical. É um prazer criar trilhas para os filmes dele, porque ele realmente pensa sobre a música durante todo o processo.
Houve uma confusão no Oscar, em 2017, quando o prêmio de melhor filme foi anunciado equivocadamente para La La Land, mas era para Moonlight. Como foi a sua reação?
Foi tudo muito confuso, mas, uma vez esclarecido, todos nós pensamos que foi bom para Moonlight porque eles são nossos amigos, e Moonlight é um filme espetacular, que amamos. Todos ficamos muito felizes pela equipe de Moonlight.
LA LA LAND IN CONCERT
Nesta sexta-feira (21), às 20h30min.
Duração: 150 minutos, com intervalo. Classificação: livre (menores de 14 anos apenas acompanhados dos pais ou responsável).
Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
Ingressos: R$ 150 (plateia alta lateral), R$ 200 (plateia alta central), R$ 240 (plateia baixa lateral), R$ 280 (plateia baixa central) e R$ 320 (plateia gold).
Desconto de 50% para os cem primeiros sócios do Clube do Assinante (apenas na bilheteria do Bourbon Country) e 10% para os demais ingressos.
À venda no site uhuu.com (com taxa), na bilheteria do Teatro do Bourbon Country e na bilheteria do Araújo Vianna (apenas na sexta, a partir das 16h).