A Sbórnia está sitiada. Invasores estão atrás das jazidas de Sclerks de Bizuwin, flor da qual se faz um chá que, ao ser ingerido, dá as respostas para perguntas que ainda não foram feitas. Por isso, o Maestro Pletskaya (Nico Nicolaiewsky, morto em 2014) voltou para a sua terra natal por tempo indeterminado. Coube a Kraunus Sang (Hique Gomez) e a Nabiha (Simone Rasslan) contar o que passa na ilha, desta quinta-feira até o dia 29, no Theatro São Pedro.
Originado das homenagens e tributos realizados pela passagem de Nico, Sbørnia Køntr'AtRacka é uma continuação do aclamado Tangos & Tragédias.
– Agora o espetáculo não é somente mais um tributo. Nesta história, a Sbórnia está sitiada, há uma ocupação lá. Pletskaya voltou para a Sbórnia para resolver esses problemas. Por isso ele não tem mais previsão de voltar para o Brasil – ressalta Simone.
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O novo espetáculo começou a ser desenvolvido na metade de 2016, quando teve sessões no mesmo palco.
– Fomos para estrada, só eu e a Simone. E então configurou-se a relação entre nós, um membro do Tangos & Tragédias e outra do (espetáculo) Rádio Esmeralda – explica Hique.
Rádio Esmeralda, projeto de música e humor, tal qual Tangos & Tragédias, era dirigido por Hique e apresentado por Simone ao lado de Adriana Marques – que morreu em 2009.
– Assim como o Hique, fiquei sem parceira. A gente se juntou nessa condição para fazer uma homenagem a esses dois que já voltaram para Sbórnia – aponta a atriz e pianista.
Hique descreve a parceira:
– Ela é maestrina formada, arranjadora, traz uma contribuição musical incrível. É uma grande pianista e muito engraçada no palco. A interação com o público continua, como é a dinâmica original do Tangos. As pessoas percebem que o espetáculo está sendo construído no palco, estão participando da criação. E agora (encarnando o personagem Kraunus) descobrimos que Simone Rasslan é nada mais, nada menos do que Nabiha, a grande professora pianista formada pela Libertok Universitik de Musik da Sbørnia. É uma mulher fortíssima, capaz de carregar um piano nas costas e atirá-lo em um homem!
Sbørnia Køntr'AtRacka promove uma interação com Até que a Sbórnia nos Separe (2013), animação dirigida por Otto Guerra e Ennio Torresan. No espetáculo, são exibidos trechos do filme.
– A animação aprofundou o universo sborniano. Todo mundo tinha uma Sbórnia imaginária dentro de si, mas que nunca havia aparecido. Ela surgiu no filme. Agora, há um consenso sobre o que é a Sbórnia – diz Hique.
No espetáculo, Cláudio Levitan participa com o seu personagem, o Professor Kanflutz, neste sábado e domingo. Na semana que vem (sexta a domingo), haverá a participação do Jungst Kørahl Sbørniani (Coral Jovem da Ospa com Invenções Sbørnianas), regido por Cosmas Grieneisen. Também há a presença da sapateadora Gabriela Santos em duas músicas.
No repertório, há canções do Tangos (Hino do Machadoboll e Aquarela da Sbórnia) e da Rádio Esmeralda (Padaria). E novidades, como Coxinha e Petralha ("Ela é coxinha/ E ele é petralha/ Isso não os atrapalha/ Ela que ir pra Miami/ Para fazer sua juba/ E ele vai junto com ela / Fica mais perto de Cuba/ Ela para ir na passeata teve que fazer as unhas/ Mas ninguém disse pra ela dos planos do Eduardo Cunha").
– A gente ridiculariza os dois lados. É uma forma de procurar a diplomacia através do ponto de vista crítico dessa dualidade – sublinha Hique.
Segundo o músico, quem estive atento aos assuntos do dia a dia poderá perceber que nos conteúdos do espetáculo há uma crítica para o momento que vive o Brasil.
– Quando começamos a fazer o Tangos & Tragédias, em 1984, o Brasil estava vivendo um momento de caos absoluto. Foi o nosso conteúdo para fazer a Sbórnia, uma palavra em italiano que quer dizer bagunça, que era uma referência ao Brasil daquele momento. Depois o país começou a ter uma cara de organização. Agora nós chegamos novamente um momento de super instabilidade. A Sbórnia novamente vem à tona e coloca um ponto de vista crítico dentro do ambiente humorístico – pontua Hique.
Nesse contexto que o país vive, a Sbórnia se faz mais necessária do que nunca.
– As pessoas estavam com uma sede do Tangos. É como se estivesse voltando – pontua Simone.
É como apela o povo da ilha flutuante: não deixem a Sbórnia morrer.
SBØRNIA KØNTR'ATRACKA
De quinta a domingo e do dia 26 a 29, às 21h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone: (51) 3227-5100.
Ingressos: sábados: de R$ 50 a R$ 100 nos sábados e de R$ 40 a R$ 80 nos demais dias. Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante.
Pontos de venda: bilheteria do teatro ou pelo site compreingressos.com.