Aos 24 anos, o Porto Verão Alegre mostra força e vigor em pleno verão da Capital. A edição deste ano conta com cerca de 120 atrações, espalhadas por 16 espaços culturais, que devem receber um público aproximado de 40 mil pessoas. O festival ocorre entre os dias 10 de janeiro e 12 de fevereiro.
Outros números também se destacam. Esta é a edição com mais espetáculos que se apresentam pela primeira vez no festival: são 75.O cardápio inclui comédia, mágica, música, oficinas, literatura, dança, performance e outras atividades, divididas em categorias que facilitam a orientação do público.
Para marcar a retomada do público depois da pandemia, a organização do festival fez questão de manter os preços dos ingressos congelados. Os valores variam entre R$ 20 e R$ 40, os mesmos de três anos atrás. A venda ocorre no site e em pontos físicos, como na loja da Claro do Shopping Moinhos de Vento e no Centro Histórico Cultural da Santa Casa de Porto Alegre – que também recebe algumas apresentações. Além disso, todas as sessões terão venda de ingressos no local pelo menos um hora antes. Há opções de meia entrada e condições especiais em alguns espetáculos.
História começou com papo de bar e notícia no rádio
O cenário não poderia ser mais característico: em mais um tórrido verão porto-alegrense, os atores Zé Victor Castiel e Rogério Beretta conversavam em uma das mesas da Lancheria do Parque. O que se dizia pela cidade é que todo mundo ia para a praia, mas eles eram testemunhas e provas de que não era bem assim. Decidiram que algo seria feito para que pudessem trabalhar em Porto Alegre nos meses mais quentes do ano.
– Lá pelas tantas, em outubro de 1999, ouvi no rádio que 200 mil pessoas sairiam da cidade no feriadão de 2 de novembro. Chegamos à conclusão de que se saíam 200 mil, ficava 1 milhão. E onde estavam? – lembra Castiel.
Diante de uma cidade habitada, porém deserta, a resposta era óbvia: elas estavam em Porto Alegre, mas não tinham o que fazer. Para oferecer entretenimento, a dupla montou um festival com seis espetáculos e o ponto de venda dos ingressos era a mesma lancheria onde tudo começou. Em quatro semanas, 12 mil pessoas compareceram.
– Aí começou a crescer devagarinho, até virar esse verdadeiro Queen Mary que vai, mais uma vez, singrar as águas do Guaíba – comemora Castiel.
Show de música
Por meio de parceria com o Farol Santander Porto Alegre, o Porto Verão Alegre expandiu seus horizontes na direção dos shows musicais não instrumentais – uma vez que as Leis de Incentivo à Cultura são restritas aos instrumentais.
Assim, o Átrio do Santander receberá Amaro Freitas e Xênia França, André Abujamra & Illegal Joe, Brum Big Band: uma noite de jazz, Inquilinas celebram Gal Costa, Vanessa Morena e Vivir. Já o Grande Hall terá Ney Matogrosso e Duda Brack, no dia 8 de fevereiro, com o show Na Pista Com Quem Interessa.
Arte diversa
A multiculturalidade do Porto Verão Alegre se manifesta em diferentes expressões artísticas, mas também na versatilidade dentro de cada uma das categorias. O teatro, carro-chefe do festival, é um bom exemplo: consegue trazer, ao mesmo tempo, um clássico da cena gaúcha e um espetáculo internacional inédito por aqui.
Consagrado junto ao público do Estado, o Bailei na Curva não pode faltar na programação. Ambientada em Porto Alegre, a peça mostra a relação de um grupo de crianças que moram na mesma vizinhança e como elas lidam com questões políticas e sociais ao longo dos anos. Enquanto isso, vem da Itália o espetáculo Tranquilli!!!, cujo personagem central vive em cena momentos absurdos, românticos e poéticos, em um jogo que envolve o público usando da linguagem cômica não verbal, característica marcante da companhia Teatro C’art.
Em entrevista, Zé Victor Castiel destaca essa multiculturalidade do Porto Verão Alegre e fala dos desafios de promover um festival deste porte:
Quais as principais novidades do Porto Verão Alegre em relação às edições anteriores?
O que acontece é que estamos fazendo com o Porto Verão Alegre de 24 anos um balão de ensaio para o grande festival que vai ser o 25º. Além das atrações de teatro locais, temos algumas do centro do país e uma da Itália, além de muita música instrumental e dois grandes shows que não são instrumentais, bancados por nós, não por lei de incentivo.
Fora isso, espetáculos que são nossos companheiros desde o início, são queridinhos: Bailei na Curva; Se Meu Ponto G Falasse; Homens de Perto; Cris Pereira, com o Gaudêncio. Os que sempre lotam. E tem uma novidade que é o Índio Behn, com o Gratiluz, com tanta repercussão e procura que já estamos criando sessões extras..
Qual o significado de um festival dessa magnitude em Porto Alegre?
Significa muito. Porto Alegre, definitivamente, entra no mapa da cultura latino-americana. Se não for o primeiro, está entre os primeiros festivais multiculturais da América Latina. Vamos ter música, dança, teatro infantil, todas as manifestações culturais. E afirma a multiculturalidade justamente nessa época em que estávamos tão tolhidos.
São muitas atrações, bastante diversificadas. Qual o tamanho do desafio de organizar o festival?
Quando acaba uma edição, fazemos o relatório, feedback com patrocinadores e em março já começamos a fazer o próximo. O desafio é enorme e a gente tem uma equipe reduzida: a Mezanino Produções, dona do Porto Verão Alegre, a Mais Além Produções, que atua na parte de documentação junto ao Ministério da Cultura, e a Gana&Voga, que se juntou há dois anos e faz toda a logística, produção, parte comercial e de eventos. Três empresas, cerca de 10 pessoas trabalhando nessa parte. Fora bilheteiros, maquinistas, produtores, atores, toda a roda que se gira, incluindo a rede hoteleira, bares, restaurantes, transporte público e privado.
São várias categorias, para todas as idades. O festival se consolidou como uma atração para toda a família?
É muito eclético. Tem desde stand-up comedy até Bukowski, Brecht. Na verdade, a gente vem formando a plateia. No início era mais para o lado da comédia e, aos poucos, fomos falando para as pessoas que o legal era ir ao teatro, não apenas rir no teatro. Agora, o que a gente tem é uma oferta muito variada e eclética que agrada de 8 a 80, basta procurar para saber pelo que se interessa.
Fizemos uma pesquisa para saber o perfil das pessoas que vão ao Porto Verão Alegre, para fazer uma curadoria que conquistasse as que ainda não frequentavam. Eu acho que a plateia vai ser imensamente diversificada. Estamos muito felizes, com uma equipe jovem, maravilhosa, fazendo um trabalho muito profissional, dando oportunidade aos patrocinadores. Não é simplesmente jogar a marca no ar, cada um tem ativações, atuação personalizada, brindes, apresentações.
Porto Verão Alegre 2023
Quando: de 10 de janeiro a 12 de fevereiro
Onde: Bar Ocidente, Bar do Nito, CHC Santa Casa, Casa de Espetáculos, Centro Cultural 25 de Julho, Farol Santander, Instituto Ling, Sala Carlos Carvalho, Teatro Bruno Kiefer, Teatro CIEE, Teatro da AMRIGS, Teatro de Arena, Teatro do SESC, Teatro do SESC Canoas e Theatro São Pedro
Quanto: ingressos entre R$ 20 e R$ 40
Informações: pelo Whatsapp (51) 3557-1061 ou pelo e-mail contato@portoveraoalegre.com.br
O 24º Porto Verão Alegre é apresentado pelo Ministério do Turismo, Santander e Vero. LEI DE INCENTIVO À CULTURA e Patrocínio da Corsan, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Unimed e Crown. Apoio do Senge, Docile, Panvel e Imdepa. E apoio cultural da Claro, Fiat, Instituto Ling, CHC Santa Casa, AMRIGS, CIEE RS, SV Digital, Para Todos - Soluções em Acessibilidade, Tagarelas Produções, Laghetto, Fábrica do Futuro e Imoseg. Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal.