O filme Ainda Estou Aqui estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7). O longa, que adapta a obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, é estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello. Refletindo sobre a percepção das novas gerações em relação à ditadura militar, um dos temas da obra, a atriz pontua que a democracia não resolveu todos os problemas do país, mas acredita que ela não é o problema:
— Eu tenho certeza que esse cara, que cresceu em um país democrático, com todos os seus problemas, eu digo para ele: "Eu juro para você que a democracia é falha, mas é o melhor que temos".
Conforme Fernanda falou em entrevista ao g1, a obra dirigida por Walter Salles (Central do Brasil), é também um aviso para o público jovem sobre as problemáticas de governos autoritários.
— Eu acho que esse filme ajuda a essas pessoas (jovens) a entenderem o que é viver em um país arbitrário, em um país no qual o governo faz atos tão injustos quanto matar o seu pai, levar a sua irmã de 15 anos para um prisão e torturar pessoas — refletiu.
Selton, que interpreta Rubens Paiva no filme, concorda com a colega de elenco:
— É um filme necessário — afirmou. — Eu cresci em um ambiente familiar em que eu não tive essa percepção. O meu pai chamava de "revolução" (a ditadura militar).
A trama conta a história real da família do autor depois que o pai dele, o deputado federal Rubens Paiva, foi sequestrado pelo regime militar. O centro da narrativa, entretanto, é Eunice, a mãe do escritor, vivida por Fernanda. Após o desaparecimento do marido, ela ficou responsável pelo cuidado da família de cinco filhos.
Com roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega premiado no Festival de Veneza, Ainda Estou Aqui representa a melhor chance do Brasil no Oscar de filme internacional desde 1999. Na ocasião, Central do Brasil concorreu na categoria.
A performance de Fernanda também foi elogiada pela crítica especializada. Ela chegou a ser cotada como possível indicada na categoria de melhor atriz em veículos como a revista Variety. Se a previsão se confirmar, será a segunda vez que uma brasileira é indicada ao prêmio. A primeira foi Fernanda Montenegro, mãe da artista, também por Central do Brasil.
— Eu só não quero que a pessoa ache que se não vier o prêmio, que o filme perdeu — afirmou Fernanda sobre a expectativa que o longa tem gerado.