O cineasta Woody Allen participou de uma live com o ator Alec Baldwin na terça-feira (28), em que falou sobre sua carreira. Nos últimos anos, ele vem enfrentando dificuldades para lançar seus filmes após sua filha adotiva Dylan acusá-lo de agredi-la sexualmente quando ela era criança.
O diretor de 86 anos afirmou que está trabalhando em um novo filme, que será gravado em Paris, mas que este pode ser seu último. Ele conversou com Baldwin durante mais de meia hora em uma transmissão ao vivo na conta do Instagram do ator.
— Provavelmente farei mais este filme, mas perdi grande parte da emoção, porque não tem o mesmo efeito cinematográfico, não é como quando comecei a gravar — disse.
Allen disse que ponderou sobre o assunto depois de sentir o gosto pelo isolamento durante a pandemia.
— Eu estava em casa escrevendo muito. É uma boa maneira de viver. Então pensei: "Bem, talvez eu faça mais um ou dois (filmes)" — explicou.
Segundo ele, a decisão também tem a ver com o crescimento do mercado de streaming.
— Não tenho a mesma diversão de fazer um filme e apresentá-lo no cinema. Era bom saber que 500 pessoas viam de uma vez — descreveu. — Vou fazer mais um e ver como me sinto.
Baldwin, que esteve no olho do furacão após o disparo que matou sua diretora de fotografia Halyna Hutchins em um set de gravação em outubro, surpreendeu no domingo (26) ao anunciar que conversaria com o diretor sobre seu livro humorístico mais recente, Zero Gravity (Gravidade Zero, em tradução livre).
A entrevista, que teve vários problemas técnicos e uma audiência de aproximadamente 2,7 mil pessoas, foi focada no livro de Allen, evitando perguntas sobre as acusações de abuso sexual de sua filha adotiva Dylan Farrow, que mancharam a carreira do diretor vencedor o Oscar.
Acusações de abuso
A acusação de que Allen teria abusado de Dylan surgiu na década de 1990, durante seu processo de separação de Mia Farrow, atriz com quem trabalhou em alguns filmes e com que dividiu a adoção de Dylan e Moses. Eles também tiveram um filho biológico, Ronan, mas, quando já estavam separados e sem se falar, Mia começou a dizer que o pai de seu filho é o cantor Frank Sinatra.
A denúncia foi investigada em 1992, mas considerada sem indício de suspeita e teria sido motivada pelo envolvimento do cineasta com Soon-Yi, na época com 22 anos, adotada por Mia quando a atriz havia sido casada com o compositor André Previn.
Desde então, Allen disse que a filha tinha sido manipulada pela mãe. O caso voltou à tona em 2014, quando Dylan, já adulta, escreveu uma carta aberta detalhando o episódio. Ela também foi apoiada por Ronan, que não conserva um relacionamento com Allen. Moses, por outro lado, reforçou o argumento do cineasta de que a mãe manipulava a irmã.
Nos últimos anos, diversos atores disseram que se arrependem de terem trabalhado com ele. Em entrevista a Pedro Bial, no ano passado, Allen disse estar sendo vítima de um "boicote" em Hollywood.
— Sim, estou sendo boicotado, mas eles estão cometendo um erro.