Filho adotivo de Woody Allen com a atriz Mia Farrow, Moses, de 40 anos, escreveu um longo relato em seu blog nesta quinta-feira (24) defendendo o pai. Há anos o cineasta é acusado pela antiga companheira de ter assediado outra filha adotiva do casal quando a menina tinha apenas sete anos.
Agora uma mulher com 32 anos, Dylan sustenta a versão de que Woody a agrediu sexualmente na infância — em 2014 chegou a escrever uma carta no New York Times detalhando o episódio em que foi tocada pelo pai adotivo — e tem apoio do único filho biológico do casal, Ronan Farrow. Moses é o único que sempre se colocou contra a narrativa sustentada pelo trio. "Sinto que não posso mais ficar em silêncio enquanto ele (Woody Allen) continua sendo condenado por um crime que não cometeu", escreveu na introdução do texto, intitulado Um Filho Fala.
Segundo Moses, que é coreano e foi adotado por Mia em 1980 quando a atriz era solteira e posteriormente, em 1992, adotado também por Woody Allen, a mãe é uma mulher que vem de uma família desequilibrada e que acabou projetando esse padrão ao formar o próprio núcleo familiar. Moses citou episódios de abuso físico e psicológico aos quais ela submetia as crianças.
"Era importante para minha mãe projetar no mundo uma imagem de uma família feliz com filhos biológicos e adotivos, mas isso estava longe de ser verdade. Tenho certeza de que ela tinha boas intenções em adotar crianças com deficiência, mas a realidade dentro de nossas paredes era muito diferente. Doi recordar casos em que testemunhei irmãos, alguns cegos ou com deficiência física, arrastados por um lance de escadas para serem jogados em um quarto ou armário, e então terem a porta trancada do lado de fora. Ela até fechou meu irmão Thaddeus, paraplégico da pólio, em um galpão ao ar livre durante a noite como punição por uma pequena transgressão", descreveu Moses.
As acusações da atriz contra Woody Allen surgiram durante o processo de divórcio dos dois. A denúncia de que Woody Allen teria abusado de Dylan, filha adotiva sua, foi investigada em 1992, mas considerada sem indício de suspeita. A motivação teria sido o envolvimento do diretor com outra filha adotiva de Mia com um antigo parceiro, o compositor André Previn. Ao ficar junto da coreana Soon-Yi, que na época tinha 20 anos, Woody Allen teria se tornado alvo da ex-companheira. "Sim, era pouco ortodoxo, desconfortável, perturbador para a nossa família e feriu terrivelmente a minha mãe. Mas o relacionamento em si não foi tão devastador quanto a insistência de minha mãe em fazer dessa traição o centro de todas as nossas vidas a partir de então", escreveu Moses.
Segundo ele, a irmã coreana era "bode expiatório" da mãe justamente por seu comportamento independente. Não aceitava as intransigências de Mia. Quando pequena, teria sido atingida pela mulher com uma peça de porcelana na cabeça. Moses escreveu que o relacionamento não convencional de Soon-Yi com Woody Allen foi uma forma de escapar da mãe da adotiva. Apesar da diferença de idade — Allen é 35 anos mais velho que a coreana — os dois estão casados até hoje.