Jane Powell, estrela de olhos brilhantes e voz operística dos musicais da era de ouro de Hollywood, morreu na quinta-feira (16), aos 92 anos. A informação foi confirmada por Susan Granger, uma amiga de longa data da artista.
Conforme Granger, Powell morreu de causas naturais em sua casa em Wilton, Connecticut. "Jane era uma amiga maravilhosa. Sincera, honesta, não havia pergunta para a qual não quisesse uma resposta absolutamente verdadeira", destacou.
Nascida Suzanne Lorraine Burce, em 1928, ela começou a cantar na rádio local quando era criança e, à medida que crescia, sua voz se tornou uma soprano clara e aguda. Quando a família planejou uma viagem para Los Angeles, uma estação de rádio perguntou se Suzanne gostaria de se apresentar em um programa de talentos da rede de lá. A garotinha com voz de duas oitavas e meia atraiu aplausos estrondosos com uma ária de Carmen.
Seu primeiro filme foi Viva a Juventude, de 1944, dirigido pelo pai de Granger, S. Sylvan Simon, e no qual trabalhou com o comediante WC Fields (no final de sua carreira), além de Edgar Bergen e Charlie McCarthy. Sua personagem chamava-se Jane Powell, e a MGM, estúdio pelo qual foi contratada, decidiu que esse seria o nome artístico dela a partir de então.
Sua escalação para Núpcias Reais, de 1950, veio depois de uma série desistências. June Allyson foi primeiro anunciada como a coestrela de Fred Astaire, mas desistiu quando ficou grávida. Judy Garland foi escalada, mas foi retirada devido a problemas pessoais. Jane Powell era a próxima da fila.
"Eles tiveram que dar o papel para mim", ela brincou, na época. "Todas parecem estar grávidas", acrescentou. Outras estrelas da MGM também estavam grávidas, como Lana Turner, Esther Williams, Cyd Charisse e Jean Hagen.
Powell tinha acabado de fazer 21 anos quando conseguiu o papel; Astaire tinha 50 anos. Ela estava nervosa porque não tinha experiência em dança, mas o achou "muito paciente e compreensivo. Nós nos demos bem desde o início".
Sete Noivas para Sete Irmãos provou ser um sucesso tardio, em 1954. "O estúdio achou que não renderia nada", ela lembrou, em 2000. "A MGM achava que A Lenda dos Beijos Perdido' seria o grande ganhador daquele ano. Não foi assim que aconteceu. Fomos nós que ocupamos o Radio City Music Hall, que sempre foi uma grande vitória." O famoso local de Nova York era um cinema na época.
O público foi dominado pelo canto vigoroso de Howard Keel e Powell e especialmente pela coreografia acrobática de Michael Kidd. Sete Noivas alcançou o status de clássico e resultou em uma série de TV e um musical na Broadway.
"Loira, pequena e bonita, Jane Powell tinha a quantidade necessária de coragem para interpretar a mulher que conseguia domar sete sertanejos", escreveu John Kobal em seu livro Gotta Sing Gotta Dance: A Pictorial History of Film Musicals.
Depois de 13 anos na MGM, no entanto, Powell saiu do estúdio, argumentando que seria demitida "porque eles não iriam mais fazer musicais". "Achei que teria muitos estúdios como opção", lembrou-se ela, em 2000, "mas não havia, porque ninguém queria fazer musicais. Foi muito difícil e bastante chocante para mim. Não há nada pior do que não ser desejado", comentou.
Ela encontrou um musical na RKO, Uma Aventura em Balboa, um remake de 1957 de Seus Três Amores. Depois que sua carreira no cinema terminou, o teatro musical ofereceu muito trabalho para uma estrela de sua proeminência e talento. Ela cantou em clubes noturnos, fez turnês em shows como A Inconquistável Molly e I Do! I Do! e substituiu Debbie Reynolds na série da Broadway Irene.
Jane frequentemente aparecia na televisão, principalmente no papel de Judy Garland em uma nova versão de Agora Seremos Felizes. Quando se aproximou dos 70 anos, abandonou a carreira de cantora. "Não consigo atingir as notas altas e não serei uma profissional de segunda categoria", explicou, em 2000.
Ela mudou para o drama, aparecendo no teatro de Nova York em peças como Avow, retratando a mãe de uma filha solteira grávida e de um filho que queria se casar com seu parceiro.