A disputa entre Scarlett Johansson e Disney sobre o lançamento do filme Viúva Negra no streaming ganhou mais um capítulo neste sábado (21). Após o estúdio entrar com uma ação para resolver a questão judicial em uma arbitragem privada —método de resolução de conflitos no qual uma pessoa ou uma entidade privada é selecionada para resolver o problema sem o envolvimento do Judiciário —, o advogado da atriz acusa o estúdio de ter reagido de forma misógina.
De acordo com o Uol, na moção, o advogado da Disney, Daniel Petrocelli, afirma que a companhia cumpriu a sua obrigação de um lançamento "amplo", mas que o contrato não exigia um lançamento exclusivo para os cinemas. Petrocelli argumenta ainda que o filme teve um bom desempenho, considerando que foi lançado durante a pandemia de covid-19 — em seu fim de semana de estreia, Viúva Negra arrecadou US$ 80 milhões nos cinemas. O estúdio também afirma que concordou em adicionar números de streaming à bilheteria total para o cálculo da participação de lucros de Scarlett.
No entanto, para John Berlinski, advogado da atriz, a Disney está tentando "esconder sua má conduta" em uma arbitragem confidencial.
— Após responder inicialmente a este litígio com um ataque misógino contra Scarlett Johansson, a Disney está agora, previsivelmente, tentando esconder sua má conduta em uma arbitragem confidencial. Por que a Disney está com tanto medo de resolver esse processo publicamente? Porque eles sabem que a promessa da Marvel de dar à Viúva Negra um típico lançamento teatral "como seus outros filmes" estava diretamente relacionada à garantia de que a Disney não canibalizaria a arrecadação nas bilheterias para impulsionar assinaturas do Disney+. No entanto, foi exatamente isso o que aconteceu - e estamos ansiosos para apresentar a evidência esmagadora que o prova — afirmou Berlinski, de acordo com o site Deadline.
Entenda o caso
Scarlett Johansson está processando a Disney por conta do lançamento simultâneo de Viúva Negra no streaming. Na alegação da atriz, a disponibilização do filme na plataforma Disney+ rompeu o contrato firmado por ela com a empresa e prejudicou o faturamento, já que a remuneração da protagonista estaria também ligada ao desempenho nas bilheterias.
Relatórios produzidos pela defesa da atriz projetaram que ela poderá perder até US$ 50 milhões devido ao lançamento de Viúva Negra no Disney +. O filme já arrecadou cerca de US$ 185 milhões nas bilheterias mundiais e US$ 60 milhões por conta do streaming.
A Walt Disney Company criticou o posicionamento da atriz, alegando que a mesma demonstra "desrespeito" pelas consequências da pandemia de covid-19, que acarretou no lançamento do filme também no streaming.
CEO da Disney, Bob Chapek também se pronunciou sobre o assunto, em 14 de agosto. Chapek destacou, em seu discurso, que tanto ele quanto o seu antecessor, Bob Iger, juntamente com a equipe de distribuição, determinaram que lançar o filme também no streaming era a estratégia certa para permitir alcançar o maior público possível durante a pandemia. Sobre a briga jurídica da atriz com a empresa, Chapek reforçou que a situação é vista como uma anomalia. Segundo o CEO da Disney, quando a companhia passou a alterar os planos de lançamento de filmes, todos os acordos para compensar as estrelas cujos bônus estavam atrelados ao desempenho de bilheteria foram remanejados.
Apesar disso, a resposta pública da Disney à iniciativa de Scarlett Johansson de mover um processo por conta da estratégia de lançamento não agradou organizações de defesa aos direitos das mulheres em Hollywood. Em nota coletiva, Women in Film, ReFrame e Time's Up criticaram o estúdio por tentar caracterizar a atriz como "insensível ou egoísta por defender seus direitos contratuais".