Onze anos se passaram desde a primeira vez que o público deparou com Natasha Romanoff. De lá para cá, o mundo traçou alguns passos firmes em relação à representatividade feminina. Por isso, Viúva Negra, que estreia nesta quinta-feira (8) nos cinemas, é a celebração a uma das heroínas mais amadas do Universo Cinematográfico Marvel (UCM), mas também uma forma de mostrar a evolução nas questões que envolvem estereótipos – em passos mais lentos na vida real, é verdade. A produção também pode ser vista na plataforma Disney+, mediante pagamento do Premier Access (R$ 69,90 adicionais ao plano básico).
Com cenas tensas e diálogos afiados, a narrativa do longa-metragem dirigido por Cate Shortland (de A Síndrome de Berlim) é toda centrada na heroína protagonizada por Scarlett Johansson. Em sua primeira aparição, em Homem de Ferro 2 (2010), Natasha tinha uma imagem hiperssexualizada, quando viveu uma agente dupla ao se infiltrar na vida de Tony Stark (Robert Downey Jr). Hoje, em seu filme solo, esse mesmo aspecto é motivo de uma piada (inteligente), no meio da produção.
— Você só faz pose. A forma como você se move não é real. Para quem você está fazendo isso? — zomba Yelena Belova, meia-irmã de Natasha, enquanto a heroína salta em meio a uma explosão.
Além desta crítica clara, Viúva Negra aposta em explicar, com calma, as origens da personagem. Na infância, logo no início do filme, Natasha é separada de seus “pais adotivos”, Alexei Shostakov (David Harbour) e Melina Vostokoff (Rachel Weisz), após fugirem do governo. O momento, que fica marcado por toda a sua vida, também causou sua separação de Yelena (Florence Pugh), que foi criada como sua irmã.
Mais de 20 anos se passam, Natasha se vê obrigada a retornar à sua terra natal, Budapeste, após ter ajudado na fuga do Capitão América, como visto em Capitão América: Guerra Civil (2016). A história se passa antes do confronto com Thanos nos dois últimos volumes de Vingadores, que chegaram aos cinemas em 2018 e 2019. Um antigo vilão retorna e irá assombrar sua realidade e, para enfrentar esta atmosfera tensa, ela se verá acolhida por sua família da infância.
A primeira a reaparecer é Yelena, um dos maiores acertos do filme. A personagem forma uma boa dupla com Natasha, principalmente nas cenas que trazem aquelas implicâncias clássicas entre irmãos, que ajudam a arrancar boas risadas. Ao mesmo tempo, Florence, que vive a personagem, imprime a força que Yelena precisa em sequências de ação.
União
O roteiro aposta fundo nessa relação das duas meio-irmãs. Quando estão enfrentando dificuldades em uma das lutas, elas apenas se olham e conseguem traduzir aquilo que estão pensando: "A dor torna você mais forte".
A frase foi uma das que aprenderam ainda pequenas, quando criadas por Alexei e Melina. O "casal" de pais também complementa a atmosfera familiar. Alexei é como uma versão egocêntrica e russa do Capitão América. Já Melina, vivida pela atriz Rachel Weisz (vencedora do Oscar por sua atuação em O Jardineiro Fiel), consegue traduzir a imagem de uma mãe forte – mesmo que tenha sido forçada a desempenhar tal função naquele período da sua vida.
Entre lutas braçais e sequências intensas de ação, Viúva Negra é o filme que os fãs da heroína mereciam assistir, mesmo que tardiamente. Onze anos se passaram, a pandemia adiou a estreia por diversas vezes. Mas, assim como a própria Viúva Negra percebe em um dos momentos do filme, um reencontro em família – mesmo que demore para acontecer – sempre é realizado quando mais precisamos.