Ao receber o Oscar de melhor direção por Nomadland, a cineasta Chloé Zhao se tornou a segunda mulher a vencer na categoria, em 93 anos de premiação. Antes dela, apenas Kathryn Bigelow foi contemplada com a estatueta, por Guerra ao Terror (2008). Nascida em Pequim, na China, Zhao também foi a primeira mulher não-branca a ser indicada na categoria. E, é claro, a primeira asiática também.
— Que jornada louca fizemos juntos. Ultimamente, tenho pensado muito em como sigo em frente diante das adversidades — disse a diretora em seu discurso.
A cineasta recorreu a uma lembrança da infância para explicar seu modo de trabalho:
— Isso remonta à minha infância. Eu cresci na China, meu pai e eu memorizávamos poemas chineses clássicos e recitávamos juntos. Um sempre terminava a frase do outro. Um desses poemas se chama Os Três Personagens Clássicos. A primeira frase diz: "As pessoas a quem dou à vida são inerentemente boas". Isso me impactou muito quando o descobri e uso essa máxima no meu trabalho. Sempre vi bondade nas pessoas que encontrei em todos os lugares do mundo. Esse Oscar é para qualquer pessoa que tem a coragem de se manter boa e ver o que há de bom nos outros.
Aos 39 anos, Zhao também foi a primeira diretora a receber quatro indicações no mesmo ano: melhor direção, melhor montagem, melhor roteiro adaptado e melhor filme.
Pela primeira vez em 93 anos de premiação, duas mulheres foram indicadas ao troféu de melhor direção: além de Zhao, Emerald Fennell concorreu por Bela Vingança. Completavam o time de indicados na categoria Thomas Vinterberg (Druk — Mais uma Rodada), David Fincher (Mank) e Lee Isaac Chung (Minari).
Até então, em mais de nove décadas, apenas cinco mulheres haviam sido lembradas no OSsar: Lina Wertmüller, com Pasqualino Sete Belezas (1975); Jane Campion, por O Piano (1993); Sofia Coppola, por Encontros e Desencontros (2003); Kathryn Bigelow, de Guerra ao Terror (2008); e Greta Gerwig, por Lady Bird: A Hora de Voar (2017).
Nomadland é estrelado por Frances McDormand, vencedora do Oscar de melhor atriz — antes, ela já havia faturado duas estatuetas na categoria com Fargo, em 1997, e Três Anúncios Para Um Crime, em 2018. Na trama, Frances vive uma nômade que cai na estrada após perder o marido e o emprego, durante a crise econômica de 2008.