Evento que se consolidou há mais de uma década no calendário cultural de Porto Alegre, o Cine Esquema Novo volta neste sábado (10). Com programação aberta até 15 de abril, o festival contará com três mostras, além de oficinas, debates e seminário — o projeto está sendo viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc.
Com realização totalmente online, o evento finalmente completará sua 14ª edição, que estava prevista para o ano passado.
— O ano de 2020 pegou todo mundo de surpresa pela pandemia. Naquele momento, os festivais começaram uma movimentação para realizar suas versões online. A gente não estava convencido a fazer o mesmo. Diferente dos festivais que têm uma lógica de sessões de cinema, o Cine Esquema Novo sempre teve experimentação com os espaços, pois temos a proposta de colocar em diálogo cinema e artes visuais. Então, não foi fácil chegarmos a um formato que permite esse trânsito — explica a diretora e curadora Jaqueline Beltrame.
A solução encontrada foi realizar os “cadernos de artistas”. Cada um dos selecionados para a mostra competitiva contará com uma pasta — o chamado caderno — dentro do site do festival, que incluirá, além do filme em competição, uma série de referências do seu universo criativo e mais uma obra de um convidado.
— É uma maneira de oferecer ao público todo um universo que só seria acessível com muita pesquisa ou conhecendo pessoalmente o artista. Pedimos para que os próprios realizadores nos oferecessem esse caminho — explica Jaqueline.
Não haverá horários específicos para as exibições. Até o final do festival, toda a programação ficará disponível para ser acessada 24 horas por dia no site cineesquemanovo.org.
A mostra competitiva agrupa 31 trabalhos selecionados de 11 Estados brasileiros — dois deles são de brasileiros que residem no Exterior. Os organizadores não distinguem longas de médias e curtas-metragens, e as temáticas também são variadas.
— Recebemos muitos filmes sobre a pandemia. Qualquer mostra e festival neste momento vai receber filmes assim. Sempre selecionamos filmes criativos e ousados. Então, mesmo que alguns filmes selecionados abordem a pandemia, ele nos deslocam, levam para outro lugar. E há temáticas contemporâneas recorrentes, como empoderamento feminino, negro e indígena — cita a diretora do evento.
Além da mostra competitiva, haverá uma série em homenagem a Welket Bungué, artista convidado, e também a mostra Outros Esquemas. Bungué vive na Guiné Bissau, onde é um prolífico realizador de filmes. Seis títulos de sua autoria foram selecionados para o Cine Esquema Novo. Como ator, Bungué ficou conhecido no Brasil pelo longa Joaquim (2017), de Marcelo Gomes, além de ter brilhado com Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani, que fez sucesso na Berlinale de 2020.
Já a mostra Outros Esquemas reúne filmes que não dialogam com os da competitiva, por questões de linguagem ou temática, mas são recomendados pelos curadores.
— São filmes que nos emocionaram e que abordam temas importantes. É uma mostra que queremos repetir em outras edições do festival — conta Jaqueline.
Diariamente, os filmes da mostra competitiva serão tema de debate. Além disso, há quatro oficinas previstas para o festival e o seminário Pensar a Imagem, para discutir questões estéticas, políticas, teóricas, conceituais, narrativas e de consumo. Os horários serão divulgados no site do festival.
— Para 2022, se tudo der certo, vamos fazer uma edição presencial. Mas vamos pensar também em algo para o online. Estamos percebendo que tudo isso pode funcionar a distância, então não há por que abolir quando o presencial voltar — avalia Jaqueline.